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Projetos de extensão de Patos e Princesa Isabel são destaque nacional

Iniciativas na área de desenvolvimento ambiental e inclusão social
por Ana Carolina publicado: 27/02/2018 16h12 última modificação: 27/02/2018 16h12

As atividades extensionistas do IFPB estão cada vez mais fazendo a diferença nas comunidades de seu entorno e ganhando relevância nacional e até mundial. É o exemplo dos projetos “Aquaponia”, do Campus Patos, e “Cactus” do Campus Princesa Isabel. Ambos lidam com desenvolvimento ambiental e inclusão social.

Núcleo Cactus no Fórum Mundial da Água

A experiência do projeto de extensão "Disseminação de Tecnologias Sociais para Tratamento de Esgoto Doméstico na Zona Rural de Princesa Isabel-PB" foi selecionada entre 60 propostas do mundo inteiro para apresentação no Mercado de Soluções do 8º Fórum Mundial da Água, no espaço Vila Cidadã. O evento é gigantesco, sob a responsabilidade do Conselho Mundial da Água, que reúne cerca de 400 instituições relacionadas à temática de recursos hídricos em quase 70 países. O Fórum vai ocorrer de 18 a 23 de março, em Brasília, sendo a primeira edição no Hemisfério Sul.

cactus equipe.jpegO projeto começou em maio de 2017 e consolidou o Centro de Assessoria Comunitária a Tecnologias de Utilidades Sociais (Cactus) como um Núcleo de Extensão da Rede Rizoma do IFPB dentro do Campus Princesa Isabel, onde é coordenado pelo docente Artur Moises Gonçalves Lourenço, com co-orientação da professora Thais de Freitas Morais e participação dos estudantes do curso superior em Gestão Ambiental, Cirleide Gomes de Oliveira e Laércio Rodrigues de Carvalho. As atividades são desenvolvidas em parceria com a ONG Centro de Capacitação Agrocomunitário (CCA), envolvendo a engenheira ambiental Sílvia Raphaele Morais Chaves e a Irmã Francinalda, além da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), com a colaboração da extensionista rural Ana Paula Medeiros.

O Núcleo Cactus, como ficou conhecido o projeto, envolve ainda estudantes do curso técnico integrado ao Médio em Edificações. O professor Artur Lourenço destaca que 14 comunidades rurais e quilombolas, cerca de 150 pessoas, foram envolvidas com as atividades do Projeto, que inicia com a conscientização sobre a gravidade da falta de saneamento básico, indo até oficinas para intervenção no problema.

Para ter ideia da gravidade, apenas 5,45% dos domicílios nas áreas rurais estão ligados à rede de coleta de esgotos. No município de Princesa Isabel - PB, 93% da população rural tem como destino dos esgotos gerados as fossas rudimentares. O projeto não se limitou ao entorno de Princesa Isabel, chegando até outras comunidades da Serra do Teixeira.

Projeto Cactus - Cópia.jpgA metodologia do projeto pretende que as próprias comunidades sejam capazes de interferir na realidade e por isso rodas de conversa são iniciadas com os presidentes das associações rurais, visando fortalecer os laços comunitários propiciando ações coletivas sobre a falta de saneamento. Em seguida, a equipe do projeto promove nas escolas rurais discussão e oficina sobre tecnologias sociais de tratamento de esgoto doméstico, enfatizando as águas cinzas, que são efluentes domésticos gerados sem dejetos humanos. Nessa etapa, o grupo lida com tecnologias de biofiltros, jardins filtrantes e círculo de bananeiras. Foram realizadas também oficinas específicas para as águas negras – efluentes domésticos contaminados com dejetos humanos. Nessa fase, são abordadas as Fossas Ecológicas ou Tanque de Evapotranspiração (TEvap) e as Fossas Biodigestoras. 

A equipe elabora manuais e maquetes sobre as tecnologias sociais sobre tratamento de esgotos domésticos; faz modelagem 3D utilizando a tecnologia a Building Information Modeling (BIM) para sistematizar e registrar as adaptações realizadas em conjunto com as comunidades. Durante as oficinas, foram implantadas, com a participação das comunidades rurais, unidades demonstrativas das tecnologias nos espaços comunitários.

Todas as ações do projeto já são divulgadas em mídia digital, rádio e eventos, conforme recomenda a Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, nos editais de financiamento, para dar transparência e estimular mais participações. Mas, sem dúvida, a participação no Fórum Mundial da Água, que é um dos principais eventos sediados pelo Brasil esse ano, será um marco para o IFPB em Princesa Isabel. Devem participar da apresentação em Brasília, os docentes Artur e Thaís e as parceiras da CCA e Emater. 

O coordenador Artur fez questão de ressaltar o envolvimento de todos para o sucesso do Projeto: "A principal causa para essa aprovação e o reconhecimento com essa abrangência internacional, se dá pelo árduo trabalho de toda equipe em atender à demanda da comunidade quanto as ações de extensão do campus".

Conheça mais sobre o 8º Fórum Mundial de Água.

Aquaponia entre os melhores do Prêmio Progredir

O projeto de extensão em Aquaponia na Agricultura Familiar, do Campus Patos do IFPB, chegou a concorrer também para o Fórum Mundial da Água, no Desafio Camp Ecoinovação Desafio Água, voltado a atividades empreendedoras com uso eficiente e reaproveitamento da água. O coordenador do projeto, o técnico em Tecnologia da Informação, Leonardo Navarro, informou que a inscrição se baseou na experiência de agricultores que participaram das primeiras capacitações do projeto e que já estão gerando renda e melhorando a qualidade de vida. AQUAPONIA PATOS.jpg

A Aquaponia envolve a produção de hortaliças e peixes em um sistema fechado de recirculação de água, que permite o controle da produção, valorizando o reuso e recondicionamento da água, com uso de filtros biológicos. É uma técnica que permite, de forma integrada e colaborativa, a aquicultura convencional (criação de organismos aquáticos tais como peixes, lagostas e camarões) associada à hidroponia (cultivo de plantas em água), ocorrendo uma verdadeira simbiose entre as espécies.

No Campus Patos, as atividades do Projeto começaram no início de 2017. Um excelente reconhecimento veio nesse mês de fevereiro, com a seleção do projeto entre mais de 135 propostas de todo o país, para o Prêmio Progredir, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O projeto do Campus Patos do IFPB ficou entre os 21 melhores do Nordeste. Veja a classificação do Campus Patos do IFPB.

O prêmio é direcionado a iniciativas de inclusão social e geração de renda e a submissão foi feita em parceria com a Secretaria da Agricultura do Município de Patos. O Progredir analisa atividades inovadoras desenvolvidas por pessoas inscritas no Cadastro Único e beneficiários do Programa Bolsa Família, justamente o público-alvo do Projeto do IFPB. Saiba mais sobre o Prêmio Progredir.  

leonardo.jpegAlém do coordenador Leonardo Navarro, a equipe do projeto é formada pelos estudantes Kecia Nobrega, Joize Candeia, Ana Paula Pereira e Eraldo Gomes, dos cursos técnicos de Informática, Eletrotécnica e Edificações, o técnico administrativo Gleidson Palmeira e o docente Fernando Guimarães. Segundo o coordenador, o projeto vem promovendo a cidadania aos pequenos produtores rurais, além de incentivar a produção agrícola de forma sustentável, sem desperdício de recursos naturais.

“Inicialmente o projeto deveria ter sido realizado na zona rural de Quixaba, com a participação de pequenos produtores rurais (agricultura familiar), mas tomou outras dimensões, conseguimos aprovar o projeto como empreendimento solidário no edital do Enex 2017”, conta Leonardo. A partir do edital interno de financiamento, as parcerias do Projeto aumentaram com a participação no Encontro de Extensão da instituição, quando foi realizado intercâmbio com o Campus Cabedelo. Os estudantes do IFPB em Cabedelo foram conhecer uma unidade experimental do projeto no município de Quixaba. Na ocasião, ocorreu a colheita do segundo ciclo de hortaliças, que foram doadas a creche e escola de Quixaba. O projeto também tem atuação na cidade de Maturéia. Os estudantes do Campus Cabedelo fizeram oficina de sementes e germinação, de biometria dos peixes e educação ambiental.

O projeto Aquaponia mostrou seu potencial para a Rede Federal durante a Reditec 2017, onde esteve presente no Núcleo Possibilita. “Na oportunidade, fomos convidados para participar da Semana de Tecnologias Sustentáveis do SERTA (Escola do Serviço de Tecnologia Alternativa), em Ibimirim, Pernambuco, onde realizamos uma capacitação sobre aquaponia e hoje temos uma unidade experimental em funcionamento e os participantes realizando o papel de multiplicadores”, comemora Leonardo.

Ana Carolina Abiahy - jornalista do IFPB (com foto dos campi)