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Robótica: um caminho de sucesso no IFPB

Pesquisa

Com a nova Lei de Inovação, muitos projetos desenvolvidos pelo grupo podem vir a ser concretizados, já que facilita o caminho para os empreendimentos de tecnologia.
por Ana Carolina Abiahy publicado: 21/06/2016 15h26 última modificação: 31/08/2016 12h19
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Alunos e Professores do GREL.

Uma história de sucesso que vem sendo construída nos últimos anos e que mostra a excelência da instituição em uma área de tecnologia de ponta. Assim podemos resumir a trajetória da robótica no IFPB, que vem galgando degraus de reconhecimento até internacional. São muitas as premiações conquistadas, os cursos ministrados e as pesquisas publicadas que ampliam esse conhecimento para fora dos muros do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba.

De acordo com a Diretoria de Inovação, ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa Inovação e Pós-Graduação (PRPIPG), somente cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), há sete grupos envolvidos com a temática. Mas, o número é maior se considerarmos as pesquisas fomentadas por editais internos do IFPB.

O Campus João Pessoa concentra a maior parte das atividades envolvendo a robótica porque foi na unidade de origem da instituição que esse interesse teve início, estimulado principalmente pelos docentes Francisco Fechine e Ilton Barbacena. A experiência de Fechine na área conquistou até espaço na seleção de Professores para o Futuro, programa que leva metodologias de ensino inovadoras para capacitação na Finlândia. Já o professor Ilton é o líder atual do Grupo de Robótica Educacional Livre (Grel).

A equipe do Grel coleciona as vitórias mais expressivas do IFPB na área. Foram participações na Mercury RobotChallenge, na Oklahoma StateUniversity, nos Estados Unidos, nos últimos três anos. Nesse ano, a equipe ficou em primeiro lugar com o Tatu-Guarani comandado pelos estudantes Luiz Torres Filho e Manassés Mikaell  Duarte, do curso de Engenharia Elétrica do Campus João Pessoa, sob a orientação do professor Robério Paredes Filho. O torneio de robótica reuniu 27 equipes de vários países. “O organizador ao final veio nos agradecer por ter elevado o nível da competição”, comemora Robério.

Além da parte mais visível, a competição, o Grupo faz o papel de disseminador da robótica para os novos interessados. O adjetivo livre faz todo sentido porque o grupo funciona como uma consultoria para quem está desenvolvendo algum projeto com a robótica, tendo sempre a porta aberta para os novatos na área. É o caso de Felipe Silva, aluno do curso técnico em Eletrônica que está,aos poucos, se agregando ao grupo, após ter se envolvido com a área, no ano passado, junto a dez grupos formados para participar da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), estimulados pelo docente Dinaldo Jorge.

Ele conta com a ajuda de Luiz que pode ser considerado um pioneiro na área tendo participado das primeiras competições internas de robótica no Campus da Capital, organizada pelo Programa de Educação Tutorial (PET), que teve como coordenador inicial o professor Alfredo Gomes Neto. O PET tem suas atividades desenvolvidas pelos estudantes que mostram muita autonomia para realizar eventos, cursos e palestras, também atuando como divulgador da robótica. Alguns que começaram no PET hoje estão no Grel.

A iniciativa surgiu em 2010 para estimular a participação do IFPB na Robocup, que foi sediada no Centro de Convenções da Paraíba em 2014. Se na copa mundial derobôs, o papel dos estudantes foi de voluntários, até lá, eles já estavam galgando o caminho rumo a vitórias.

A metodologia adotada para reunir os componentes do Grelse baseia no interesse e na participação nos projetos em andamento. “No início do grupo, foi feito processo seletivo pelo currículo, mas os primeiros se dispersaram. Agora, os novos membros se unem com base nas aptidões”, explica Luiz.

“O nosso foco é difundir a robótica. Um exemplo disso foi nossa participação no Encontro de Extensão do IFPB, Enex, em Areia, onde ministramos oficinas para a comunidade. Queremos que a robótica sirva para melhorar o nosso cotidiano, para resolver problemas do município”, frisa Mikaell. Os participantes vislumbram um futuro em que as contribuições da robótica mudem a estrutura dos campi do IFPB. “Ela pode ser aplicada para acessibilidade, facilitar a abertura de portas para os cadeirantes, sistemas inteligentes para o ar condicionado, pra evitar o gasto em caso de esquecimento ao desligar, nos laboratórios, com materiais de umidade, na irrigação. Temos aplicabilidade até para a interação social com o autista”, elenca o professor Ramon Leon.


Com a nova Lei de Inovação, muitos projetos desenvolvidos pelo grupo podem vir a ser concretizados, já que facilita o caminho para os empreendimentos de tecnologia. “Temos capital humano pra abrir uma Incubadora Tecnológica, falta aos gestores trazer as empresas, para a gente interagir mais com a sociedade, o que seria bom para toda a sustentabilidade do Instituto”, aponta Mikaell.

Entre as várias áreas em que robótica pode contribuir estão a domótica residencial, mobilidade, próteses humanas, reabilitação e mecatrônica, envolvendo setores tão diversos quanto design de interiores, transporte, medicina e agropecuária. “Toda a indústria hoje se beneficia com a robótica. A Jeep aqui pertinho em Pernambuco é 70% assim”, frisa Matheus. Uma das áreas promissoras que os estudantes pretendem atuar na vida profissional é a engenharia de controle e automação.

Se para alguns o caminho é o empreendedorismo, para outros a carreira acadêmica parece inevitável, já que descobertas do Grel vêm suscitando até pesquisas nas dissertações do Mestrado de Engenharia Elétrica do Campus João Pessoa. Matheus Delfino que está envolvido com robótica desde o primeiro período do curso de Graduação em Elétrica diz que pretende enveredar também pelo meio acadêmico, mesma disposição de Luiz.

Enquanto Matheus e Luiz são concluintes da graduação, Júlio Cezar Coelho iniciou há poucos dias o curso de Engenharia Elétrica, mas já é um veterano da robótica. Desde o curso técnico integrado em Eletrônica, ele se dedica a construção dos robôs e é um dos poucos que tenta guardar cada fruto do trabalho. Isso porque mesmo os robôs campeões acabam sendo desmontados para dar origem a novos, sendo aperfeiçoados para outras funcionalidades.

“Cada robô é preparado visando um edital, para poder ter a habilidade que está sendo exigida em cada prova. E o nosso diferencial é esse, criar os próprios componentes, não trabalhar com kits prontos. Isso acontece também porque todo esse material é muito caro. Não temos facilidade de importação no Brasil. Se não fizermos isso não temos como competir”, explica o professor Robério, que conhece bem a realidade do IFPB.

Robério fez três cursos na instituição: o técnico subsequente em Equipamentos Médico-Hospitalares e os superiores de Automação Industrial e Engenharia Elétrica. Como professor, já ministrou aulas nos campi do IFPB em Cajazeiras, Monteiro e no antigo centro de referência de Cabedelo. Está no Campus João Pessoa desde 2013 e comemora o fato da robótica ter sido institucionalizada no IFPB-JP em 2015. Segundo os professores, não falta apoio para participação em competições pelo país afora. Na Diretoria de Inovação, da Reitoria, a Competição de Robótica teve três edições, e o diretor Fausto Ayres, reitera a disposição de manter o evento no calendário oficial do IFPB.

Os estudantes sabem como valorizar essa confiança. Exemplo disso é que aproveitaram a greve de 2015 para se prepararem para a Olimpíada Brasileira de Informática (OBR) eles conquistaram medalhas tanto na etapa regional quanto na nacional. “Fomos a melhor equipe estreante”, relembra Júlio. Os eventos mobilizaram até cursos que formalmente não teriam vinculação com a robótica, como Contabilidade, Edificações e Gestão Ambiental. Outra participação premiada foi na Expotec, evento internacional sediado na Paraíba.

Muito além das competições, eles dizem que o aprendizado trazido pela robótica é que tem sido o ganho mais duradouro. É o que percebemos na fala de Abimael Rocha, do quarto ano Integrado em Eletrônica. “Participando da OBR, com a ajuda de Júlio, eu pude me exercitar em programação, trouxe experiência técnica para solucionar problemas que a gente vai lidar futuramente.

A robótica é multidisciplinar, traz um conhecimento amplo e abre várias possibilidades, muito além do que a gente veria só no nosso curso”, apontou o concluinte do ensino médio integrado.

Para o professor Ramon, juntamente com a técnica, os jovens ganham em responsabilidade, em saber trabalhar em equipe. Um amadurecimento pessoal que terá influência positiva em qualquer carreira no futuro. Pois é, para quem apenas vê os robôs se equilibrando para fazer as tarefas dos torneios, não imagina que o “brinquedinho” traz em si muito suor, luta e dias de tentativa e erro para aprimoramento. Não é a toa que o nome de um dos robôs campeões é Tatu-Guarani, para lembrar a forte couraça do animal e o espírito guerreiro dos indígenas. Luiz resume: “é um guerreiro, um lutador”.

Ana Carolina Abiahy – jornalista do IFPB
#IFPBemFoco na próxima semana traz o trabalho de outros grupos envolvendo a robótica em diversos campi.