Você está aqui: Página Inicial > Assuntos > Fique por dentro > Acessibilidade na Surdocegueira

Noticia

Acessibilidade na Surdocegueira

Você já ouviu falar sobre pessoas surdocegas? Quais desafios elas enfrentam? Será que elas usam as mesmas tecnologias usadas por pessoas surdas e cegas? O dia 27 de junho é o Dia Internacional da Pessoa com Surdocegueira. No Fique por Dentro desta semana, vamos saber um pouco sobre acessibilidade na surdocegueira.
publicado: 27/06/2022 17h17 última modificação: 27/06/2022 17h17

Acessibilidade na surdocegueira

                 Você já ouviu falar sobre pessoas surdocegas? Quais desafios elas enfrentam? Será que elas usam as mesmas tecnologias usadas por pessoas surdas e cegas?

                O dia 27 de junho é o Dia Internacional da Pessoa com Surdocegueira. No Fique por Dentro desta semana, vamos saber um pouco sobre acessibilidade na surdocegueira.

O que é surdocegueira

                É uma condição em que as deficiências visual e auditiva estão juntas. Nem sempre é a falta total de visão e audição: pessoas surdocegas podem ter audição residual e cegueira, ter surdez profunda e baixa visão, ter audição e visão residuais ou ser totalmente surdas e cegas. As que nascem ou se tornam surdocegas nos primeiros anos de vida são surdocegas congênitas. Já pessoas surdas que se tornam cegas, pessoas cegas que se tornam surdas e pessoas que se tornam surdocegas ao longo da vida têm surdocegueira adquirida.

                Mas essa não é a soma de duas deficiências. Há um impacto multiplicador. Note que pessoas surdas usam muito a visão e pessoas com deficiência visual, a audição e o tato. Pessoas surdocegas nem sempre têm baixa visão e/ou audição e sua experiência é muito mais tátil. Enfrentam barreiras mais abrangentes na comunicação, no acesso às informações, na interação com o meio e na orientação e mobilidade. Trata-se de uma única deficiência. Por isso, escreve-se “surdocegueira” sem hífen. Os apoios são variados, devido às diferenças entre as pessoas surdocegas, e podem envolver a atuação de outras pessoas e o uso dos sentidos remanescentes.

Apoios ofertados por outras pessoas

                Exigem muito contato físico e alguns são ofertados por profissionais. Um deles é o instrutor mediador, que atua com crianças surdocegas congênitas: na escola, ele identifica como elas se comunicam, que formas de comunicação podem aprender e propõe estratégias para a sua participação nas aulas. Outro profissional é o guia intérprete, que é diferente do intérprete de LIBRAS por dominar vários sistemas de comunicação, técnicas de audiodescrição e de orientação e mobilidade. Atua com pessoas com surdocegueira adquirida, normalmente na escola e em eventos.

Comunicação

Pessoas surdocegas podem usar mais de um sistema de comunicação. Entre os mais comuns estão:

  • Alfabeto em Braille nos dedos: os dedos indicador e médio da pessoa surdocega formam uma cela Braille imaginária, onde a outra pessoa forma as letras do Braille;
  • Escrita com o dedo: “desenho” das letras do alfabeto convencional em alguma parte do corpo da pessoa surdocega, como braço, costas ou outra parte mais sensível ao toque;
  • Tadoma: a pessoa surdocega aproxima os dedos ao queixo da outra pessoa e, através dos movimentos da boca ou das vibrações das cordas vocais, entende o que ela está falando;
  • LIBRAS tátil: os sinais da LIBRAS são tocados pela pessoa surdocega;
  • LIBRAS em campo reduzido: os sinais da LIBRAS são formados dentro da distância e amplitude que a pessoa possa ver;
  • Comunicação social Háptica: acontece através de toques realizados, por exemplo, nas costas da pessoa surdocega. No Brasil, é adotada em conjunto com outro sistema de comunicação para passar aspectos que não estão na mensagem “principal”, como emoções e descrições;
  • Fala ampliada: o guia intérprete reproduz a mensagem do interlocutor próximo ao ouvido da pessoa surdocega e de forma pausada;
  • Comunicação alternativa: abrange gestos, uso de cartões de comunicação, ‘entre outros.

               Outras possibilidades são leitura labial, alfabeto moon, alfabeto manual LORN, sistema Malossi, alfabeto da língua de sinais tátil e alfabeto manual de duas mãos.

Acesso à informação

                As informações do meio podem chegar desconexas para a pessoa surdocega. A comunicação mediada deve integrá-las. No ambiente, a pessoa deve ficar onde possa ver e/ou ouvir as informações importantes.

                Os acontecimentos podem ser antecipados através da comunicação, de características concretas de um espaço e de objetos de referência, que representam lugares, ações, pessoas, objetos e conceitos, como o uso de uma escova de dentes para antecipar a higiene bucal.  

                Os textos podem ganhar versões em Braille, caracteres e contrastes ampliados, LIBRAS, etc. As figuras devem ser simples e ter descrições. Também podem ser usados recursos táteis.

                O acesso ao ambiente virtual pode ocorrer através de janela de LIBRAS, recursos que convertem texto para LIBRAS, leitor de telas, ampliador de telas e linha Braille, adequada principalmente para as pessoas totalmente surdas e cegas. Algumas pessoas transmitem a tela para a TV para obter ampliação e usam recursos de transcrição de texto para voz e de voz para texto. Ainda há muitas barreiras para o acesso de pessoas surdocegas ao meio virtual, como janelas de LIBRAS muito pequenas, com cores e contrastes inadequados, e o alto custo da linha Braille.

Ambiente

                A organização do ambiente deve propiciar a interação da pessoa surdocega com pessoas e objetos, permitindo-lhe antecipar atividades, obter pistas e fazer escolhas.

                Os ambientes podem ser sinalizados com Braille, diferenciação tátil no chão e nas paredes, LIBRAS, caracteres e contrastes ampliados, comunicação alternativa, etc. Devem ser iluminados com lâmpadas incandescentes e/ou luz solar. Recomenda-se evitar reflexos, ter atenção a mudanças bruscas de luminosidade e, conforme a necessidade, regular a iluminação e usar lâmpadas portáteis. A organização dos móveis deve facilitar a mobilidade de todos e deve-se ter atenção a objetos aéreos, degraus ou outros elementos que tragam risco. Também se deve reduzir ruídos externos.

                A orientação e mobilidade pode ser mediada por outra pessoa, como um guia intérprete. As pessoas surdocegas também podem usar bengala. Atualmente, recomenda-se o uso preferencial de bengalas vermelhas para diferenciá-las das pessoas com deficiência visual. Assim, por exemplo, quem vir uma pessoa com bengala vermelha na rua e desejar ajudá-la, pode prever que o diálogo falado talvez não seja viável e que pode ser necessário identificar outras formas para a comunicação. O uso da bengala vermelha não parece estar difundido no Brasil.

Pesquise mais

                Para aprofundar-se mais sobre o assunto, encorajamos você a pesquisar mais através dos links e materiais a seguir: