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Uma segunda graduação, uma segunda oportunidade

Com o objetivo de entender melhor os motivos que trazem as pessoas de volta às universidades, entrevistamos João Nunes, egresso do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), do IFPB campus Monteiro, que entrou no curso com uma graduação em Sistemas para Internet, em um curso na modalidade EAD. João detalhou, em entrevista, sua motivação para cursar ADS e suas experiências durante a graduação.
por publicado: 16/10/2018 16h25 última modificação: 16/10/2018 16h27

É notável a crescente busca dos brasileiros por um diploma do ensino superior. O Censo Demográfico de 2010 sobre Educação [1], feito pelo IBGE, aponta que houve um crescimento no número de brasileiros que concluíram uma graduação (passou de 4,4%, em 2000, para 7,9%, em 2010). De acordo com a OCDE [2], a procura por uma melhor formação é motivada pela discrepância entre a remuneração das pessoas que possuem apenas ensino médio e as que possuem ensino superior. O rendimento dos graduados é, em média, 156% maior. No mesmo Censo do IBGE, de 2010, havia pouco mais de 6 milhões de alunos nas universidades. Dentre esses, um grupo de 10,8% já possuía um diploma superior. Conforme Bock (2013, p.4) constatou “diante do turbulento cenário do mercado de trabalho e da existência de competição intensa por oportunidades, os profissionais se depararam com a necessidade de repensar suas carreiras”.

aluno.jpgCom o objetivo de entender melhor os motivos que trazem as pessoas de volta às universidades, entrevistamos João Nunes, egresso do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), do IFPB campus Monteiro, que entrou no curso com uma graduação em Sistemas para Internet, em um curso na modalidade EAD. João detalhou,  em entrevista, sua motivação para cursar ADS e suas experiências durante a graduação.

Ele relatou que foi a sua insegurança em ingressar no mercado de trabalho que o motivou a retornar a uma graduação na mesma área, de acordo com ele: “mesmo formado, eu não era muito seguro para ir para o mercado de trabalho. Eu não tinha tido aquela experiência com as pessoas, em parte por ter feito a distância. Em ADS, eu vi a oportunidade de fazer um network, pois foi isso que faltou muito no curso a distância, não foi a parte técnica,[...] mas sim esse networking [...] que foi bem útil”. Uma boa rede de contatos pode aumentar suas oportunidades de sucesso profissional, facilitando o ingresso no mercado de trabalho. Além disso, não apenas na inserção, mais entre outras possibilidades.

Segundo Chiocca (2016, p.12), no que tange os motivos relacionados ao reingresso na universidade, normalmente, há vários fatores que justificam essa escolha. Além do networking, o egresso também alegou outra motivação: uma curiosidade relacionada às diferentes metodologias de ensino, dada a natureza dos cursos, pois um era a distância e o outro presencial. “Eu queria ter a oportunidade de vivenciar o meio acadêmico, porque eu tinha feito de forma virtual, eu queria ter aquela experiência com os professores, (saber) se era diferente ou não, e se eu ia absorver mais conhecimento ou não... É, eu absorvi mais conhecimento”. Tanto o domínio e quanto o volume  domínio do conhecimento adquirido, na graduação, certamente, influenciam significativamente no sucesso profissional. Por isso, a busca incansável dos profissionais pelo conhecimento, principalmente na área da tecnologia, onde as inovações são constantes e os profissionais são praticamente  obrigados a se manterem constantemente atualizados.

aluno2.jpgDurante a segunda graduação, João Nunes conciliava seus estudos com o seu trabalho, situação comum a a 78% das pessoas que também frequentavam a segunda graduação, no Brasil, de acordo com o mesmo Censo Demográfico. O egresso comentou o motivo que o levou a trabalhar: “Formalmente, eu não trabalhava, mas eu tinha minhas obrigações. Na metade do curso, me tornei pai. Então, eu precisava sustentar meu filho. Sempre procurava fazer trabalhos extras, inclusive ligados à área”. Embora o egresso tivesse uma ocupação, o mesmo alegou que aproveitou de todas as oportunidades extracurriculares  que o campus e o curso proporcionaram. Inclusive, assim como a maioria dos egressos do curso, João Nunes também frequentava o campus fora dos  horários das aulas, durante as manhãs ou tardes.

Bock (2013, p.31), em sua análise, com profissionais experientes em realizar recrutamento, constatou que 81% desses recrutadores já havia se deparado com participantes que possuíam duas graduações. Também houve relatos de empresas que solicitaram duas graduações como requisito desejável para uma vaga. Para alguns recrutadores, entretanto, valeria mais à pena a realização de uma pós-graduação na mesma área do primeiro curso.

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Em relação a sua experiência de mercado, João, atualmente, está trabalhando como Coach no Embedded, um laboratório da UFCG, o qual, inclusive, ele havia conhecido em uma visita técnica, ainda enquanto aluno do curso (foto). De acordo com o egresso, mesmo sendo um laboratório de uma instituição pública, sua experiência é similar ao que vivenciaria no  “mercado”. Isso porque o Embedded é um dos laboratórios com mais parcerias com empresas, comprometido com resolver problemas reais. A equipe de João, por exemplo, está desenvolvendo software que, posteriormente, será usados por empresas privadas. Na equipe, ele descreve seu cargo como gerente/professor. Na organização do laboratório, tanto o cargo de gerente quanto o de professores são majoritariamente exercido por pessoas com grande conhecimento técnico e habilidade interpessoal.  

Agora, com dois diplomas, o egresso migrou para a cidade de Campina Grande, Segundo o mesmo,  em breve, concluirá seu mestrado. De acordo com ele, foi o networking iniciado no IFPB, que o levou a ingressar no mestrado. Segundo o João, um dos professores o incentivou a ingressar no mestrado, “eu não tinha nem pensado nessa possibilidade. Meu plano era sair dali e vir pro mercado. Só que ele falou tanto, que eu decidi tentar, mas sem muita esperança. Eu tentei, fiz o Poscomp e entrei”. O mesmo ressaltou que sua aprovação também se deu graças a seu histórico de atividades complementares realizadas durante a graduação: “(surpreendentemente) Foi até ‘fácil’ de entrar, [...] Eu participei de projetos de pesquisa, tive artigos publicados. Isso tudo com a orientação do professor”. Ele relembra que mesmo nunca tendo pensado nessa possibilidade de ingressar no mestrado, os demais professores motivaram ele e seus colegas a pensar nessa possibilidade. Em determinado momento da entrevista, ele expõe: “Essa é uma porta aberta no curso de ADS Apesar de ser um curso de tecnologia, temos essa ideia desde o começo, que essa é uma possibilidade”. Ele também destaca a importância dos professores apresentarem essa possibilidade ao alunos.

Ao final da conversa, João deixou um conselho aos atuais alunos do curso, ”Aproveitem o curso ao máximo. [...] O curso, para quem gosta de programar, é fantástico [...] Você vai aprender bastante coisa e o melhor é que você não vai se prender a tecnologia x ou y. Saindo do IFPB, primeiro, você vai estar preparado para o mercado. Segundo, vai estar preparado para aprender qualquer tecnologia.[...] Lá, você aprende de tudo um pouco e, consequentemente, você tem mais habilidade para lidar com novas tecnologias, aprender de forma rápida. O aluno deveria aproveitar isso e as oportunidades, [...] de monitoria, das pesquisas, que são feitas lá também. Isso conta muito. Tente escrever um artigo, publicar um artigo ou outro, antes de terminar a graduação; e aproveite toda a oportunidade que tiver lá. Eu, quando estava no IFPB, eu tentei fazer o meu máximo [...]. Aproveite, entre de cabeça e absorva tudo o que for possível”.

O áudio completo de entrevista pode ser escutado a seguir, inclusive com mais informações sobre sua experiência no Mestrado e no Curso de ADS.

Áudio da Entrevista.