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Pesquisadores do Campus Sousa lançam cultivar de trigo adaptada ao semiárido brasileiro

Lançamento ocorre em São Gonçalo no dia 17 de junho
por Amanda Tavares de Melo publicado: 17/06/2025 15h03 última modificação: 17/06/2025 15h06

Uma inovação que pode trazer avanços significativos para a produção de trigo no semiárido brasileiro: assim pode ser descrita a Cultivar Canaã, uma nova variedade de trigo desenvolvida por pesquisadores do IFPB Campus Sousa. A nova cultivar, que demonstrou boa tolerância às condições climáticas de temperatura e aridez do alto sertão da Paraíba, será lançada junto à comunidade científica e aos produtores rurais da região no dia 17, em evento que será realizado na fazenda-escola de São Gonçalo. 

A cultivar de trigo começou a ser testada em 2021, durante a pandemia de Covid-19, pelo professor Paulo Wanderley em uma propriedade particular conhecida como Chácara Canaã, que deu o nome à nova variedade. Após o retorno às atividades presenciais no IFPB, o docente e os demais cientistas envolvidos no estudo trouxeram a pesquisa de campo para a Unidade São Gonçalo, onde a cultivar foi plantada ao lado do setor de agricultura para irrigação.  Segundo o professor, a patente da Cultivar Canaã já está sendo providenciada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e será registrada em nome do pesquisador e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB). 

“A pesquisa começou quando trouxemos sementes de trigo do sul de Minas Gerais e partimos para a seleção de genótipos que tivessem boa adaptabilidade às condições climáticas do semiárido e boa produtividade de grãos. Conforme o estudo foi progredindo, alcançamos uma produtividade semelhante ou até superior à apresentada por algumas cultivares de trigo plantadas nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, que são referências na produção de grãos no país. A Canaã tem uma vantagem competitiva em relação às demais cultivares, que é o menor tempo para produzir e secar os grãos na espiga em função das altas temperaturas do semiárido. Enquanto as cultivares de trigo do Sudeste e do Sul demoram 120 dias para completar esse processo, a Canaã precisa de apenas 75 dias, o que acelera a colheita e o beneficiamento da produção”, explicou Paulo Wanderley. 

O docente contou ainda que a produção da cultivar é feita de forma agroecológica, sem utilizar fertilizantes químicos ou agrotóxicos. Além disso, segundo ele, é possível cultivar a planta sem irrigação, desde que seja no período chuvoso. “Caso o Nordeste consiga adotar o cultivo em larga escala de trigo, o Brasil sairia da dependência da importação de trigo argentino e uruguaio e  nós teríamos uma nova fonte de renda para os agricultores da região”, declarou Wanderley. 

O lançamento oficial da Cultivar Canaã acontece nesta terça-feira (17) na Unidade São Gonçalo do IFPB Campus Sousa. O evento conta com a presença de membros da comunidade interna do campus, especialmente de pesquisadores dos cursos de Agroecologia, Tecnologia em Alimentos e Medicina Veterinária, que têm interesse nos usos do trigo como forragem, e de produtores rurais e integrantes da comunidade científica da região. Outra presença confirmada é a da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária, a Empaer. 

A programação do evento está dividida em duas partes: a primeira de caráter mais teórico e realizada no bloco de Agroecologia e a segunda parte prática no setor de olericultura, onde os presentes poderão conferir a plantação e a coleta de espinhas da Canaã. Ao fim do evento, os participantes receberão sacos com sementes da planta e um certificado atestando a sua participação. 

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