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IFPB Campus Sousa sedia lançamento da Caravana Brasil Cigano

Evento foi promovido pelo Ministério da Igualdade Racial e aconteceu na Unidade Sede
por Amanda Tavares de Melo publicado: 05/06/2023 17h21 última modificação: 05/06/2023 17h21

No último dia 24, o IFPB Campus Sousa recebeu uma equipe do Ministério da Igualdade Racial, autoridades públicas locais e lideranças e representantes do povo cigano para o lançamento da Caravana Brasil Cigano. O evento aconteceu na Unidade Sede e foi promovido pela Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT) da pasta da Igualdade Racial.

A escolha da cidade de Sousa para sediar o lançamento da Caravana se deve ao fato de o município abrigar a maior comunidade cigana territorializada da América Latina, composta por aproximadamente 600 famílias e mais de 4000 pessoas, segundo informações da SQPT. A data escolhida para a realização do evento faz alusão ao Dia Nacional do Cigano, 24 de maio, data instituída por decreto presencial em 2006.

De acordo com a Coordenadora-geral de políticas para povos ciganos da Diretoria de Políticas para Quilombolas e Ciganos da Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos, Edilma Nascimento, “a ideia da caravana é ir ao encontro de algumas comunidades e acampamentos ciganos para realizar uma escuta ativa sobre as demandas mais urgentes dessa população. Nós sabemos que eles têm demanda por educação, saúde, moradia, mas agora queremos entender de que forma essas demandas vão surgir em contextos variados, considerando as diferentes etnias ciganas e as cinco regiões do país”, declarou.

Edilma explicou que, após o processo de escuta inicial das necessidades das comunidades ciganas Brasil afora, “o propósito da SQPT é firmar alguns compromissos que o ministério da igualdade racial tem colocado como a base de políticas públicas para povos ciganos, que serão lançadas no final do ano”.

A coordenadora destacou ainda que já existem alguns marcos legais que preveem alguns direitos e garantem acesso a algumas políticas por parte dos povos ciganos, mas que o objetivo do Ministério da Igualdade Racial é que as políticas sejam ampliadas no âmbito do governo federal para que possam ser espelhadas pelos estados, municípios e instituições em geral.

Ciente da importância do reconhecimento e da valorização dos povos ciganos nos espaços de produção de conhecimento e cultura, o IFPB tem trabalhado para implantar cotas para estudantes ciganos em todos os seus processos seletivos a partir de 2024. O Pró-Reitor de Ensino do IFPB, professor Neilor César, sublinhou o relevo dado à pauta da inclusão dentro do IFPB, nacionalmente reconhecido como uma instituição inclusiva, e sobre a extensão dessa política às comunidades ciganas.

Incluir os povos ciganos é mais uma ação que se inscreve no compromisso da instituição de oferecer apoio a estudantes que tenham algum tipo de vulnerabilidade e construir políticas para que esses alunos tenham acesso à educação e tenham a chance de transformar não só o seu contexto local de vivência, como também toda a sociedade. Seguindo essa busca pela inclusão e por uma sociedade cada vez mais justa, estamos nos preparando para lançar essa ação afirmativa no próximo ano, que será uma conquista muito importante para nós que fazemos o Instituto Federal da Paraíba”, afirmou o professor.

A necessidade de valorizar a cultura cigana e de ampliar as oportunidades para essa população também foi ressaltada pelo historiador e assistente social João Bosco Araújo, um dos responsáveis pela articulação entre o Ministério da Igualdade Racial, o município de Sousa e o campus local do IFPB. Bosco tem uma vivência antiga junto aos ciganos e desenvolve há anos estudos sobre a cultura e as tradições desses grupos.

Segundo Bosco, que possui uma vivência antiga junto aos ciganos e desenvolve há anos estudos sobre a cultura e as tradições dessas comunidades, é preciso saber que, apesar de terem características comuns, as comunidades ciganas se dividem em três grandes grupos: Calon, que se sedentarizaram mais no nordeste, Rom e Sinth, que encontram mais no Sul e Sudeste do país.

“Para mim, a SQPT foi muito feliz ao iniciar as ações da caravana ‘de baixo para cima’, isto é, ouvindo primeiro as demandas de cada grupo para depois compilar o que foi dito e partir para a elaboração de políticas públicas efetivas para cada uma dessas necessidades. Após a escuta, as equipes da Secretaria e do Ministério vão desenvolver ações para ampliar a inclusão e o reconhecimento dessas etnias como parte do povo brasileiro, desconstruindo um anticiganismo que ainda persiste em nosso país”, disse Bosco.

“Quero agradecer imensamente em nome do governo federal, em nome de Edilma Nascimento, em nome do Secretário Ronaldo, a receptividade, o calor humano e a disponibilidade do Campus Sousa para realizar esse evento junto conosco. Foi um começo muito potente para uma ação que tem tudo para ser muito êxitosa”, finalizou o historiador.

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