IFPB se aprimora como vitrine intercultural para o mundo

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Após intercâmbio na Colômbia, Marlon Delgado, professor do Campus Catolé do Rocha, quer ser “embaixador intercambista” na instituição

O professor Marlon Delgado, do Campus Catolé do Rocha, do IFPB, teve uma rica experiência de intercâmbio cultural no “Colegio San Jose de Calasanz”, na cidade de Duitama, distrito de Boyacá, na Colômbia, através do programa Educadores com Causa (2025), da AFS-Colômbia, no qual foi aprovado em primeiro lugar. Um dos aspectos ressaltados pelo professor foi a aproximação entre professor-aluno-gestão, na referida instituição, além das metodologias participativas e a valorização humana nas relações educacionais.

Como herança cultural da sua relação com a educação colombiana, Marlon deixou projetos iniciados na área da educação alimentar e da sustentabilidade, que ele aponta como muito precárias naquele país. O professor Marlon Delgado concedeu entrevista sobre a sua experiência educacional na Colômbia, com ênfase nos detalhes vivenciados na educação fundamental e média. 

P. Qual a área de participação específica do intercâmbio do professor Marlon, dentro do AFS-intercultural?

R. A área de participação é de Ciências Naturais, com o enfoque no campo da Educação em Biologia e suas aplicabilidades, sobretudo alimentação saudável e sustentabilidade.

P. Qual o local de realização das atividades de intercâmbio e quais os níveis educacionais?

R. No “Colegio San Jose de Calasanz”, cidade de Duitama, distrito de Boyacá, Colômbia. O sistema educacional colombiano tem nomenclaturas diferentes do Brasil. Aqui, no colégio, existem três etapas; Pré-escolar (alunos de 5 anos); Primaria (1º ao 5º, com alunos de 6 a 10 anos) e Secundária (6º ao 11º, com alunos de 11 a 17 anos). Se fosse no Brasil: (Primaria = Ens. Fundamental I); (Secundaria = Ens. Fundamental II + Ens. Médio)

P. Quais as atividades desenvolvidas e o público- alvo?

As atividades são dentro do ensino de ciências naturais com formas pedagógicas ativas (protagonismo estudantil) com jogos, exposições, visita técnica, seminários, rodas de conversas e projetos educacionais. Todas as atividades estão voltadas para as questões de alimentação saudável e sustentabilidade. O público-alvo é voltado para os alunos de Ens. Fundamenta II e Ens. Médio).

P. Como foi o relacionamento do professor durante sua estadia na referida instituição e na comunidade?

R. Foi sensacional! Os colombianos têm muito apreço pelo Brasil e o povo brasileiro. Todos que me receberam desde o aeroporto até o espaço escolar foram muito hospitaleiros, calorosos, conversam muito, cordiais e muito solícitos. Sobretudo, são pacientes e empáticos com as barreiras do idioma e culturais. É tanta presteza que se torna constrangedora. Na escola, todos, prontamente me receberam bem e me apresentaram em todas as salas junto com o dono da escola. Todos querendo conhecer a cultura brasileira e os costumes do povo brasileiro. Muitos me presenteavam com doces tradicionais da Colômbia para conhecer o sabor e as crianças me traziam muitas balas, doces e jujubas. Me senti muito amado

P. Considerando que o intercâmbio é um programa de duas mãos, o que o professor deixou em termos de benefícios culturais e educacionais no país de destino?

R. Observei que na escola, embora privada, ainda havia uns lixos pelo chão e os alunos não comem saudavelmente. Eles consomem muito processados, doces e salgadinhos demasiadamente. Então, tive reuniões com o diretor e os professores de Ciências para implementarmos um projeto educacional que envolve o cuidado com o espaço escolar (educação ambiental sustentável) sobretudo na gestão do lixo. Além disso, implementar a temática de alimentação saudável como interdisciplinar nas práticas escolares. Além disso, deixei muitas sugestões de criar uma identidade nos projetos de ciências que estava sendo inaugurado um laboratório novo. Vão criar um concurso de desenhos com os alunos e o vencedor será elegido como a logomarca oficial do laboratório e o projeto de ciências. Todos ficaram muito felizes com a ideia e já vão acatar. Além disso, deixei sugestões de criar locais (recipientes) de vidro e metais para que eles apliquem a sustentabilidade no colégio e possam vendê-los para empresas de reciclagem para obter mais fundos para equipar o laboratório novo. Eles, atualmente, já separam garrafas de plástico. Por fim, dei a ideia de criar um projeto educacional chamado “Café con Ciencia” para que todas as matérias trabalhem questões transversais anuais e que haja engajamento escolar nos temas e a culminância seria criar uma horta escolar em Mandala. (Obs.: Café com Ciência é um projeto meu que já trabalho no Brasil no campus Catolé do Rocha)

P. O que trouxe dessa experiência cultural e como essa interação pode beneficiar suas atividades educacionais no IFPB?

R. As relações de professor-aluno-gestão são muito acaloradas, onde o professor e alunos têm muita aproximação e isso levarei mais para o Brasil. Além disso, eles são certificados pela empresa Apple como escola modelo para trabalhar as novas tecnologias em sala de aula. Então quero trabalhar essas tecnologias ativas em sala de aula, mas com o celular dos alunos de forma correta e educacional. As metodologias ativas com jogos, brincadeiras e eventos ativos que fazem os alunos serem protagonistas da educação será levado ao meu Campus. Outra coisa mais é a valorização dos valores humanos e a liberdade que os alunos têm de praticar esportes e brincar. A alegria e a satisfação dos alunos estar na escola é visível, então levarei tudo isso para escola.

P. Que horizontes culturais e educacionais esse intercâmbio abre ao professor Marlon, em termos profissionais?

R. Embora curto, o aperfeiçoamento na língua espanhola me estimula a aprofundar mais no idioma para outras oportunidades intercambiais em outros países sul-americanos ou até mesmo na Espanha. Haja vista que será um facilitador para participar futuros projetos educacionais, de pesquisa ou extensão internacionais. Essa experiência me torna um embaixador intercambista em Catolé do Rocha e essa experiência me agregou um valor educacional nas competências globais e um peso para o meu currículo.

P. De uma forma mais generalizada, como essa iniciativa contribui para uma educação globalizada, pelo menos, para gerar aproximações entre o Brasil e América Latina?

R. A partir deste intercâmbio, as portas das escolas colombianas ficaram abertas para novas oportunidades e projetos binacionais (Brasil-Colômbia) de forma remota e presencial. Com as portas do campus abertas para o mundo, poderemos receber professores e alunos de outros países e criar novas oportunidades de intercâmbio para demais docentes e discentes. Como todos os projetos de ambos países tratam de mesmas problemáticas, como ambientais, sociais e educacionais.

P. Nessa concepção de educação globalizada, quais as perspectivas para o futuro, envolvendo o IFPB?

R. A partir da minha experiência na Colômbia, as perspectivas são de tornar o IFPB, não somente o campus Catolé do Rocha, mas todos os campi, um local de portas abertas para o intercâmbio cultural para todos os países. Além disso, promover parcerias com outras instituições de ensino para que ocorra trocas de estudantes e professores no que tange o ensino das Competências Globais e interculturais. Com isso, posso dizer que me tornarei um embaixador para mediar futuras parcerias e projetos internacionais de educação no IFPB, sobretudo, com os países da ALEI (Alianza Latinoamericana de Educación Intercultural). Para isso, me reuni com os gestores e donos do colégio San Jose de Calazans para firmar compromissos de novos intercâmbios e promoção de cursos remotos interculturais. Acredito que essa primeira porta aberta, abre um leque de oportunidades para todos os tipos de inovações no IFPB e cria mais uma boa “vitrine internacional” para o mundo.

P. Fique à vontade para acrescentar alguma coisa que que não foi considerada...

R. Com essa Vivência, pude observar que há muitas semelhanças educacionais e culturais entre Brasil e Colômbia em muitos aspectos. Nesse sentido, uma das coisas que me fez ganhar o concurso do programa de intercâmbio da AFS “Professores com Causa – 2025” em 1º lugar foi explanar, na entrevista, as minhas práticas pedagógicas e um projeto educacional que tenho sobre alimentação saudável chamado “Café com Ciência”.

Todos os dias pude observar na Colômbia que todos os alunos consomem muitos produtos ultra processados e doces industrializados, comem tanto que é assustador, nunca vi nada igual. Então a temática que propus para escola de implementar um projeto de reeducação alimentar caiu como uma luva e todos ficaram encantados com a proposta e criarão um projeto “Café con Ciencia” para começar a implementar uma reflexão com a comunidade escolar “Você é o que você come”.

A partir deste contexto, creio que o projeto Café com Ciências não será algo apenas do Campus Catolé do Rocha, mas um projeto que pode ser implementado em todos os campi do IFPB como proposta pedagógica de trabalhar uma temática transversal de conscientização alimentar já que nossos alunos também possuem práticas alimentares não saudáveis diariamente.

Além disso, acredito que precisamos fazer adequações para propostas de intercâmbios culturais e acadêmicos, por exemplo, colocando todas as placas de sinalização de cada Campus de forma trilíngue (português, inglês e espanhol). Porque haverá muitos intercambistas que precisarão dessas facilidades para se locomoveram e transitarem pelos Campi do IFPB. Além disso há muitas outras adequações que devem ser analisadas e implementadas para novas oportunidades de intercâmbio.

Por fim, gostaria de agradecer ao IFPB, ao AFS Brasil e Colômbia, ao Colegio San Jose de Calasanz por serem tão atenciosos, aos donos da escola Sr. Alvaro e Sra. Eleonor, e o diretor Álvaro Agudelo. Agradeço aos professores de Ciências Fabián e Madelyen por me oportunizarem de ter um contato com as suas práticas pedagógicas no ensino de ciências e por toda atenção e compartilhamento de experiências. Sou grato ao Sr. Jairo e Sra. Alba do comitê da AFS Andina em Duitama, que me proporcionaram muitos passeios por muitos lugares incríveis de Boyacá onde pude conhecer muitas paisagens paradisíacas, cultura, história e os costumes do povo colombiano. Eu quero agradecer à ARINTER, na pessoa de Mônica Montenegro, por todo apoio e facilitação na tramitação dos processos que me fez estar na Colômbia de forma segura e tranquila.

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