IFPB e Governo do Estado criam pontes culturais ligando o Nordeste a outros países
Programa de intercâmbio do Governo do Estado contribui para ampliação das fronteiras do conhecimento profissional, científico e tecnológico
O aluno do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, do Campus – Cajazeiras-IFPB, João Gabriel Vieira Silva, é mais um estudante da educação profissional beneficiado com o programa Paraíba Sem Fronteiras, do Governo do Estado. Gabriel está matriculado na Universidade de Mondragon, na Espanha, no curso de Computer Engineering, no campus de Arrasate.
Com essa iniciativa, o estudante pretende melhorar o seu currículo, desenvolvendo autonomia e flexibilidade no processo de aprendizagem. Estar em um país de uma cultura diferente da sua faz com que ele possa desenvolver competências e habilidades específicas para a vida.
Como nordestino, ele ainda não se adaptou ao clima frio da Europa e à gastronomia, mas há outros fatores que fazem a compensação, a exemplo da falta da violência no cotidiano e a receptividade dos colegas, professores e servidores da universidade Mondragon.
Gabriel faz questão de enfatizar o apoio que recebeu dos professores do Campus Cajazeiras, da Arinter/IFPB e da Fapesq para realizar uma das mais importantes iniciativas da sua vida estudantil.
Em entrevista, João Gabriel contou detalhes do seu intercâmbio internacional
1 - Pergunta – Qual o curso que está fazendo em Mondragon e o motivo da escolha?
Resposta: Estou cursando Computer Engineering no campus de Arrasate, escolhi pois era o curso mais compatível com o que eu faço em Cajazeiras, que é Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
2 Pergunta – Descreva sua viagem destacando o que foi mais difícil, e se já tinha experiência de outras viagens?
Resposta: A minha viagem foi tranquila, por mais que bem demorada, a parte mais difícil foi o trajeto que eu fiz, que consistia em ir de Cajazeiras para João Pessoa, depois ir até Recife para esperar o voo que era somente de 4 da manhã, isso sem nenhuma experiência de viagens com escala, pois só havia feito uma viagem de avião direta de Recife para Salvador com o intuito de buscar o visto e voltar logo após.
3 Pergunta – Quais as dificuldades encontradas para se estabelecer em Mondragon, considerando: moradia, documentação, etc?
Resposta: Antes mesmo da gente chegar já havíamos recebido e-mails avisando para arrumar uma moradia e algumas sugestões da universidade que eram bem caras, então eu, Suetone e Arthur fizemos um acordo com a imobiliária GERTU com bastante antecedência. Outrossim, tive algumas dificuldades para saber a documentação correta para o visto, uma vez que existia redundância entre o site e os e-mails, então levei bem mais documentos do que realmente precisava.
4 Pergunta- Como foi o acolhimento por parte da Universidade e quais os desafios para a adaptação?
Resposta: A universidade fez dois eventos para o acolhimento dos alunos estrangeiros, formando uma espécie de comunidade entre os estrangeiros, que foi fortalecida ainda mais com eventos promovidos pelo Erasmus. Dentre os desafios para adaptação, está a diferença de linguagens, por que em Mondragón se localiza dentro da região do País Basco na Espanha, então além do espanhol ser diferente do espanhol latino que tanto se vê no Brasil ainda há a língua basca.
5 Pergunta – O que destaca sobre a estrutura da Universidade?
Resposta: A universidade não tem só um, mas três campus na mesma cidade e todos com uma arquitetura diferente, laboratórios com recurso computacional interessante livre para os estudantes, uma sala com múltiplas impressoras 3D para uma única cadeira optativa, possuem múltiplas quadras de livre acesso aos estudantes, além de disponibilizar equipamento esportivo e até mesmo possibilitar reserva de bicicletas por até 3 dias para os estudantes.
6 Pergunta - Como tem sido o relacionamento com os professores e servidores da universidade?
Resposta: Eu tenho falado bastante com o coordenador de pesquisa da área de IA, Urko Zurutuza e o professor da cadeira de IA, Unai Barreiro e percebi que a maioria dos servidores são bastante acessíveis e amigáveis.
7 Pergunta – Como tem se relacionado com os colegas europeus e de outros continentes. O que aprende com eles?
Resposta: Com o contato com os outros estudantes estrangeiros consegui aprender bastante sobre aspectos culturais dos países de origem deles e um pouco da vivência de cada um.
8 Pergunta - Quais as suas impressões sobre a educação nessa universidade?
Reposta: Aqui o método de ensino é bem diferente, primeiro temos muitas aulas, algumas provas que valem a maior parte da nota (70%) e depois vem a fase de projetos interdisciplinares, que tentam mesclar todas as cadeiras que você tá pagando em um projeto só e equivale a 30% da média. A média para passar é 5, mas acredito que é para justificar o fato das provas tomarem bem mais tempo para responder. E, diferente do Brasil, aqui tem um sistema de faltas no qual caso você tenha mais que 90% de presença, fica com um “cartão verde” e caso reprove em uma das matérias e tenha passado em todas as outras, dependendo da nota, você ainda passa de ano.
9 Pergunta - O que tem sido mais importante no processo de aprendizagem?
Resposta: O mais importante tem sido desenvolver autonomia e flexibilidade no meu processo de aprendizagem. Estar em outro país faz com que eu tenha de buscar soluções por conta própria, aprender com diferentes métodos e me adaptar ao jeito de cada professor.
10 Pergunta - Qual a sua impressão sobre a cidade onde você está, enfatizando o acolhimento por parte dos espanhóis (bascos), dificuldades na comunicação, custo de vida, etc?
Resposta: A cidade, por mais que tenha poucos habitantes (por volta de 24 mil), possui uma arquitetura muito bonita e é rodeada por montanhas, onde quase nada acontece, mas quase sempre tem alguém na rua. O acolhimento do povo basco foi bem tranquilo, muitos parecem já acostumados com a presença de estrangeiros. Enquanto o custo de vida é bem alto, principalmente aluguel e eletricidade.
11 Pergunta - Quais as principais diferenças da vida nessa cidade, com relação à sociedade brasileira? Como se sente como um brasileiro nordestino na Europa?
Resposta: Muitos costumes que temos em relação a segurança são praticamente não-existentes aqui, a água que se bebe é a que sai da torneira sem filtro e as pessoas tem um jeito muito menos carinhoso e mais direto ao ponto. Como um nordestino na Europa eu ainda não me acostumei com o clima e com a comida, que também é muito diferente.
12 Pergunta - Qual a expectativa com essa experiência internacional no seu currículo profissional?
Resposta: Eu espero que com essa experiência internacional eu consiga uma base sólida para um possível mestrado, uma vez que eu já vou ter lidado com pesquisa em um contexto internacional e que torne tangível trabalhar em alguma empresa de inovação em que adaptação seja um diferencial.
13 Pergunta - Destaque a importância da ARINTER e do Paraíba sem Fronteiras para essa realização?
Resposta: A ARINTER e o Paraíba sem Fronteiras foram essenciais para realizar o intercâmbio, uma vez que todo o convênio entre faculdade de destino e de origem foi feito por eles, o edital em que concorri foi feito pela FAPESQ, disponibilizaram o manual do estudante para facilitar a minha jornada e muito trabalho que eu nem tenho noção para me garantir equivalência das cadeiras e afins.
14 Pergunta – O que orienta aos colegas com relação ao intercâmbio, vale a pena o esforço?
Reposta: Sim. Primeiramente eu só enxerguei o esforço que seria necessário caso eu passasse, mas hoje eu vejo que foi muito recompensador e que, se eu soubesse, faria tudo de novo e sem medo.
15 Pergunta – Como tem sido a relação familiar, mesmo à distância?
Resposta: Mesmo à distância ainda mantenho uma comunicação constante com a minha família, seja por mensagem ou por ligação.
16 Pergunta - Se quiser pode acrescentar mais alguma coisa…
Gostaria de agradecer especialmente a vários agentes que tornaram isso possível como minha família, que me ajudou em alguns serviços consulares quando eu ainda não tinha uma resposta definitiva sobre o resultado final da seleção.
Aos professores do IFPB de Cajazeiras, em especial Francisco Paulo, coordenador do curso que me ajudou com uma quantidade gigante de documentação, Daniela Miguel, consultora do NucLi que me ajudou desde o momento que compartilhei a notícia para realizar assim que possível o convênio com a ARINTER e João Igor, que durante suas aulas comentou de diversos meios para incentivar os alunos a pesquisa científica, que foi quando conheci a FAPESQ. E por fim, aos meus amigos e namorada, que me ajudaram bastante a não desistir perante todos os processos e me motivaram a chegar até aqui.


