Estudante do IFPB realiza o sonho da sua vida: fazer intercâmbio
Suetone Carneiro, aluno do IFPB, expressou gratidão à Arinter e ao Programa Paraíba sem Fronteiras pelo intercâmbio na Espanha
O programa de concessão de bolsas de graduação para mobilidade internacional do “Paraíba sem Fronteiras”, administrado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), com apoio da Fundação de apoio a pesquisa do estado da paraíba (Fapesq), tem contribuído para a qualidade dos currículos dos estudantes da Educação Profissional na Paraíba.
O IFPB tem sido um parceiro constante desse programa, orientando os seus estudantes para participarem dos editais do referido programa através da Assessoria de Relações Internacionais-Arinter, sob a coordenação da professora Mônica Montenegro.
A Diretoria Geral de Comunicação e Market (DGCOM-IFPB) entrevistou o estudante do Curso de Sistemas para Internet, do Campus João Pessoa, Suetone Carneiro de Andrade, que foi selecionado no Edital nº 09/2025, do referido programa de intercâmbio, sobre a sua experiência como estudante intercambista na Universidade de Mondragon, localizada no País Basco-Europa.
Suetone Carneiro revelou que é a primeira pessoa do seu núcleo familiar a ter uma experiência de estudo fora do Brasil, o que é um motivo de realização e orgulho para toda a sua família. O estudante enfatizou a sua gratidão pelo apoio do Governo do Estado da Paraíba e da Arinter-IFPB pela realização desse sonho.
A entrevista:
Pergunta: Como foi a sua viagem? Já tinha viajado para outro país? O que achou mais difícil, ou empolgante?
Suetone: Foi o voo mais longo da minha vida, mas foi uma viagem muito tranquila. Eu já estive na Argentina para fazer um curso de 2 semanas de Espanhol. Acho que o que mais me empolgava na pré-viagem era que estaria saindo do continente pela primeira vez e para estudar, que é um sonho de infância. Sempre me interessei por esses assuntos internacionais. Além disso, me empolgava a ideia de poder conhecer novos lugares por aqui.
Pergunta: Como foi o acolhimento por parte da Universidade? Quais as dificuldades de adaptação?
Suetone: A universidade foi extremamente acolhedora. A sensação que tenho é que eles estão sempre dispostos a ajudar, desde o início. Tivemos não apenas um, mas dois eventos de acolhimento, o que foi muito interessante. Conhecemos outros estudantes internacionais e aprendemos um pouco sobre a universidade e a cultura do local.
Sobre a adaptação, eu acho que gosto da ideia de mudar e aprender novas maneiras de funcionar, então tem sido um processo interessante e positivo pra mim. Aqui na Espanha eles têm a cultura da “siesta”, que é aquele cochilo depois do almoço. Nesse horário, quase todas as lojas da cidade estão fechadas e se alguém precisar de algo entre 13h e 16h, pode ser difícil de conseguir. Nós sempre esquecemos desse detalhe. Além disso, a culinária é diferente. Às vezes nos falta uma farofa e uma feijoada, mas seguimos a vida.
Pergunta: Como tem sido o relacionamento com os professores e colegas?
Suetone: O primeiro contato pode ser difícil, mas passando desse passo, eles são receptivos. Os professores sempre dão uma atenção especial aos internacionais e ajudam com os conteúdos. Como não estou em todas as matérias obrigatórias, às vezes não consigo passar tanto tempo com os colegas da universidade em si, mas temos um grupo de amizade muito bom com os estudantes internacionais também. Sempre estamos juntos, viajamos para cidades próximas, jogamos futebol e etc.
Pergunta: Quais as suas impressões sobre a educação nessa universidade?
Suetone: É diferente. Aqui, algumas aulas têm uma duração de duas horas. Porém, diferentemente do Brasil, os professores dão parte do assunto e o tempo em classe é usado para fazer exercício ou trabalhar nos projetos em grupo. Já me aconteceu de ter 10 minutos de aula teórica e todo o tempo restante ser dedicado aos exercícios sobre o tema. Em resumo: o trabalho que levamos para casa no Brasil é feito quase que completamente em sala.
Pergunta: O que tem sido mais importante no processo de aprendizagem?
Suetone: O mais importante tem sido a parte prática. A parte de trabalhar em sala de aula. É um momento em que consigo interagir com os colegas Bascos e o trabalho não fica acumulado para fazer em casa. Isso tem mudado minha maneira de enxergar as classes e de estudar.
Pergunta: Qual a sua impressão sobre a cidade onde você está? Acolhimento, relacionamento, custo de vida, relações interpessoais?
Suetone: Vivo em uma cidade pequena chamada Arrasate/Mondragon (tem 2 nomes: um em Basco e outro em espanhol). Apesar de ser pequena, é uma cidade muito viva. Toda tarde vejo crianças brincando na rua e noto também uma grande população idosa vivendo aqui. A maioria da população fala Basco, um idioma muito antigo e que eles são muito orgulhosos de manter vivo. Inclusive, as crianças são educadas em Basco na escola, mas também falam Espanhol e imagino que a maioria aprende Inglês também, já que a universidade exige.
O custo de vida é bom. Aqui as pessoas têm poder de compra, algo que não temos no Brasil. Em comparativo com o salário mínimo, acho que a grande maioria das coisas aqui é muito mais barata do que no Brasil. Além disso, as pessoas são muito educadas no trânsito e é uma região extremamente segura. Sobre as relações, me sinto acolhido pelos amigos brasileiros, bascos e também os internacionais.
Pergunta: O que tem aprendido com tudo isso? Quais as diferenças com relação à sociedade brasileira? Como se sente como um brasileiro na Europa?
Suetone: É uma experiência impagável. Aprender que existem pessoas com costumes, idiomas e modos de viver diferentes é muito enriquecedor. Sinto que aqui o ritmo da vida é diferente. Me parece que as pessoas têm mais tempo para aproveitar a vida. No Brasil, percebo que vivemos sempre ocupados, trabalhando e estudando. Aqui as pessoas saem mais, viajam mais, interagem mais, curtem as praças, bares e cafés da cidade.
Outro fato interessante é que as pessoas são muito ativas. Caminhar, correr, andar de bicicleta, é algo presente na vida das pessoas de todas as idades. Na faculdade, vejo que eles preferem as escadas ao invés de elevadores.
Como brasileiro na Europa, percebi que às vezes me impressiono com coisas que deveriam ser básicas: a segurança, a educação no trânsito, a pontualidade das pessoas (nenhum professor se atrasou até agora em mais de um mês de aulas!) e o ritmo mais tranquilo de vida.
Pergunta: Qual a expectativa com essa experiência internacional no seu currículo profissional?
Suetone: Com certeza essa experiência vai ter um destaque tanto no currículo quanto em entrevistas. Apesar de estar na Espanha, a faculdade aqui é em Inglês e esse é um idioma fundamental na área de TI. Por ser uma área muito internacionalizada, experiências como essa são fundamentais para uma carreira de sucesso. Além disso, existe a experiência adquirida aqui durante o intercâmbio que vai ser muito importante na minha vida profissional, tanto no âmbito de soft quanto de hard skills. Espero que essa primeira experiência abra portas para futuras oportunidades internacionais.
Pergunta: Destaque a importância da ARINTER e do Paraíba sem Fronteiras para essa realização...
Suetone: A ARINTER me deu todo o apoio necessário. Me ajudaram na tradução do histórico escolar e me aconselharam sobre coisas fundamentais como vacinas, bagagem e saúde antes de eu embarcar. Agradeço muito por todo o amparo.
Sem o Paraíba sem Fronteiras eu não estaria aqui. Sabemos que é muito caro sair do país, principalmente para países com moedas mais fortes do que o real. Recebemos uma bolsa muito completa que cobre todos os custos, desde o seguro saúde e passagens aéreas até o material de estudo (computador, tablet) e as despesas com trâmites consulares. Serei eternamente grato ao programa e seguirei ajudando futuros candidatos sempre que puder.
Pergunta: Como tem sido a relação familiar, mesmo à distância?
Suetone: Sentimos falta, mas acho que uma das maneiras que criamos para lidar com isso foi criando uma família aqui também. Todos nós que viemos a Arrasate pelo Paraíba sem fronteiras somos muito unidos. Sempre cuidamos uns dos outros.
Minha família no Brasil é uma família simples do interior de Pernambuco. Tudo isso que estou vivendo é muito novo para eles e sempre envio fotos/vídeos dos lugares que estou conhecendo. Do meu núcleo familiar, estou sendo o primeiro a fazer parte da graduação fora do país e isso é um motivo de orgulho muito grande para eles. Tenho certeza que estão todos realizados, mesmo com a distância. Tenho certeza também que ao retornar serei recebido de braços abertos por eles.

