Você está aqui: Página Inicial > Notícias > 2017 > 04 > Câmara de Extensão de Cabedelo teve perfil de fórum de políticas públicas

Noticia

Câmara de Extensão de Cabedelo teve perfil de fórum de políticas públicas

Câmara teve a participação de movimentos sociais, representantes da Prefeitura de Cabedelo, autoridades religiosas, além dos segmentos docente e discente
por publicado: 10/04/2017 09h09 última modificação: 10/04/2017 09h10

A 2ª Câmara de Extensão do Campus de Cabedelo, realizada no último sábado (08), pela manhã, foi um dos fóruns sociais mais importantes do município de Cabedelo realizado este ano, com a participação do IFPB. Todos os problemas que afligem a comunidade e desafiam as autoridades foram discutidos na Câmara de Extensão.

Como encaminhamentos da 2ª Câmara de Extensão, no Campus Cabedelo, foram aprovadas as propostas de realização de um evento sobre desenvolvimento territorial e modelo de cidade para Cabedelo, e a articulação de um fórum sobre turismo e cultura.

Foi encaminhado, também, uma consulta aos dois Campi do IFPB, implantados no Município, visando encontrar uma solução para a reativação do Barco Escola, contando com a participação dos núcleos de extensão e da associação de pescadores. Realizar uma reunião entre as Pró-Reitorias de Ensino e de Extensão, e a Prefeitura de Cabedelo, para discutir convênios de estágio para os discentes do IFPB no município.

A formação de um grupo de trabalho interno para discutir a transformação de projetos como o teatro do oprimido, ações da capoeira e do tema da educação ambiental em um Programa Integrado Escola Comunidade (Piec) foi demandado pelos estudantes presentes à Câmara.

Foram encaminhadas, ainda, as propostas de um projeto que promova a aproximação da comunidade acadêmica do IFPB com a realidade das fontes de água de Lucena e um plano estratégico de articulação com os estudantes universitários de Lucena e Cabedelo.

A Pró-Reitora de Extensão e cultura do IFPB, professora Vania Medeiros, que coordenou a Câmara de Extensão, disse que vai apoiar as iniciativas que foram encaminhadas pela comunidade à instituição, com o apoio da diretora de extensão tecnológica da Instituição, professora Maiara Melo, que participou do evento.

A voz da comunidade

O produtor cultural da Cidade de Cabedelo, Noé Pires, defendeu a importância dos eventos culturais para a comunidade e criticou a falta de incentivos financeiros para a realização de projetos. Segundo ele, a Lei municipal de incentivo à cultura Pe. Alfredo Barbosa está desativada há quase uma década, prejudicando a juventude cabedelense. Os parceiros da Capoeira, representados pelo professor “Mamulengo”, sugeriu continuidade das ações nessa área. As demandas de formação continuada foram fortalecidas pelo Pastor Jonas.

Amarildo Nascimento, presidente da Associação de Pescadores de Cabedelo, sugeriu que fossem implementadas ações educativas para as famílias dos pescadores que, segundo ele, na sua maioria, cursaram até a 3ª série do ensino fundamental. “Sem educação a comunidade não avançará”, comentou a liderança dos pescadores.

Rejane Pinto, presidente do Instituto Mar de Esperança, Ong de Lucena, lembrou que está sendo implantado um estaleiro de grande porte, em Costinha, sem ter sido realizada nenhuma iniciativa para a profissionalização da população local para atuar neste projeto. Rejane também denunciou a falta de gestão ambiental de 10 fontes naturais existentes em Lucena e Cabedelo, e reclamou da falta de tratamento do lixo que segundo ela, “é básico para a saúde pública”.

A professora Márcia Dorneles, coordenadora do Colegiado Territorial da Mata Norte, enfatizou, na reunião, que o Município de Cabedelo tem uma forte cultura de pesca, sendo esta a principal vocação da população local, e que essa área precisa de atenção especial da educação.

O Padre Noberto, da Paróquia São Judas Tadeu, em Camboinha, trouxe para o debate o que ele entende ser, atualmente, o maior desafio para os habitantes de Cabedelo, que é o alargamento da BR 230, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O projeto visa atender demandas da implantação do Terminal de Múltiplos Usos, no Porto de Cabedelo. “O projeto vai destruir a cidade de Cabedelo e a população não está reagindo” alertou o Padre Noberto.

Neste contexto, Ernesto Luiz Batista, representante da Associação Cabedelense para Cidadania – Acica, articulador políticos dos movimentos sociais em Cabedelo, enfatizou o papel da extensão universitária para despertar a consciência crítica para a cidadania e engajar a população em projetos sociais de interesses específicos, provocando a elaboração de políticas públicas, já que a extensão atua no âmbito educacional e não no executivo.

O ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba, professor Neroaldo Pontes de Azevedo, que representou a Prefeitura Municipal de Cabedelo, no evento, expressou a sua admiração pelo método de extensão que está sendo desenvolvido no IFPB. “O modelo permite que o educador aprenda através da extensão. O mais importante é ouvir o que o povo quer, o que a sociedade está pedindo à instituição”, assinalou o ex-Reitor

O diretor geral do Campus Cabedelo professor Lício Costa, encerrou a reunião assinalando sua preocupação com os encaminhamentos que foram feitos em termos de projetos e a realidade, cada vez mais, restritiva para o financiamento das políticas públicas da educação. Ele lembrou que o IFPB sofreu um corte considerável no orçamento para este ano. “Apesar dessa realidade a comunidade acadêmica do campus Cabedelo está desafiada a enfrentar as dificuldades e estará disponível às demandas”.

-Crisvalter Medeiros, jornalista

 

registrado em: