Debates e reflexões marcam a programação do Novembro Negro no IFPB João Pessoa
Atividades destacam identidade, racismo e a história da ciência africana
O IFPB Campus João Pessoa realizou, nesta terça-feira (25), mais um dia de atividades do Novembro Negro, reforçando o compromisso da instituição com o enfrentamento ao racismo e a valorização das histórias e contribuições da população negra. A programação contou com uma oficina e uma mesa-redonda, ambas mediadas pelo professor Hélio de França Gondim, coordenador do Neabi do campus.
A oficina “Ciência e Tecnologia na História da África e Afrodescendentes” foi conduzida pelo professor Jair Silva Ferreira, militante, historiador e poeta. Durante a apresentação, Jair destacou que a metáfora “África, berço da humanidade e do conhecimento” se fundamenta em evidências científicas que apontam para a origem dos primeiros hominídeos no continente africano há mais de sete milhões de anos. Foi desse grupo ancestral que surgiram espécies como o Homo erectus, localizado inicialmente na região do Quênia e da Etiópia, e que depois se espalhou para várias partes do planeta.
Jair explicou que o Homo sapiens também tem origem africana, surgindo há cerca de 300 mil anos no Marrocos. Ele destacou ainda como as características físicas das populações negras — como o cabelo crespo e o nariz largo — são adaptações ao clima e ao ambiente africano, reforçando que todos os grupos humanos carregam, em sua ancestralidade, raízes que remontam ao continente africano.
A oficina apresentou ainda exemplos de avanços tecnológicos e científicos desenvolvidos por civilizações africanas muito antes da consolidação da ciência europeia. O professor destacou artefatos matemáticos como os encontrados na caverna de Blombos, na África do Sul, datados entre 75 e 80 mil anos; o Osso de Lebombo; e o Bastão de Ishengo, que registra sistemas de numeração desenvolvidos no Congo, cerca de 18 mil anos antes da matemática grega. Jair também lembrou nomes importantes, como Merit Ptah, considerada a primeira médica do mundo; Hesi-Re, o primeiro dentista documentado; e Imhotep, pioneiro em medicina, arquitetura e engenharia.
No início do turno da manhã a programação contou com a mesa-redonda “Identidade, trabalho e racismo no mundo contemporâneo”, mediada pelo professor Hélio de França Gondim. O debate contou com a participação de Allan Patrick de Lucena Costa, professor de Filosofia do Campus João Pessoa; Maria Eduarda da Rocha Silva, estudante de Engenharia Mecânica do campus; e Aluízio Firmino do Nascimento, historiador e mestrando em História pela UFPB.
O Novembro Negro segue com diversas atividades educativas, culturais e formativas programadas no Campus João Pessoa, que valorizam a luta antirracista e a história dos povos africanos e afro-brasileiros. Confira a programação completa nesse link.
* Daniela Espínola – jornalista do IFPB Campus João Pessoa


