Professores do IFPB discutem uso responsável da IA em pesquisas acadêmicas

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O consenso entre os professores é que o papel crítico e orientador do ser humano permanece insubstituível

Como parte da programação do PULSAR 2025 – Semana de Educação, Ciência, Cultura e Tecnologia, o IFPB Campus João Pessoa promoveu a discussão “Uso da I.A. no desenvolvimento de pesquisa e elaboração de artigos científicos”, na qual professores destacaram os cuidados e possibilidades do uso da Inteligência Artificial (IA) na produção acadêmica. A mesa-redonda foi mediada pelo professor Ruan Delgado e contou com a partcipação dos professores Lafayette Melo e Leandro Almeida, ambos do IFPB campus João Pessoa.

O professor Lafayette chamou a atenção para a importância de utilizar as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) de forma criteriosa no ambiente acadêmico. Segundo o docente, é preciso ter cuidado com o que chamou de “ilusão do rigor científico” — quando um texto aparenta ter a estrutura formal de um artigo acadêmico completo, mas carece de fundamentação teórica e metodológica sólida. “Às vezes o texto vai criando essas impressões, independentemente de como seja”, observou.

Lafayette destacou que cada ferramenta tem sua finalidade e limitações. Ele citou o Google Gemini, capaz de produzir uma contextualização literária, mas sem caráter científico, e o Perplexity, que permite especificar buscas por artigos científicos. “Mesmo assim, eles não substituem o orientador”, alertou. “A IA pode selecionar artigos mais fracos, enquanto o professor sabe identificar bons trabalhos que, mesmo não publicados em grandes periódicos, têm relevância na área.”

Entre as ferramentas que se apoiam em evidências científicas, o professor mencionou o Consensus AI, semelhante ao Google Acadêmico, e o Elicit, um assistente de pesquisa que ajuda a automatizar etapas da revisão de literatura. Ele também destacou o potencial do Notebook LM, ferramenta útil para análise de texto, elaboração de mapas mentais, linhas do tempoe atépodcasts baseados no conteúdo produzido.

O professor Ruan Delgado comentou sobre a integração da IA no trabalho acadêmico, ressaltando que a essência da pesquisa continua a mesma. Segundo ele, a principal diferença atual é que, com a IA, é possível encontrar informações de forma muito mais rápida, por meio de perguntas feitas nos chats das plataformas. “Ele traz a informação mastigada ou vai dizer que o artigo não apresenta tal informação”, explicou. 

No entanto, Delgado enfatizou que nenhuma ferramenta substitui o diálogo humano. “Nada substitui a conversa com seus colegas ou com o seu orientador”, destacou, lembrando que a interação e a reflexão conjunta permanecem essenciais para a construção de conhecimento e análise crítica.

Durante a palestra ,o professor Leandro Almeida destacou a importância de compreender e seguir as novas regulamentações sobre o tema no meio acadêmico. Ele citou a Resolução nº 57/2025, publicada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 30 de setembro de 2025, que estabelece diretrizes para o uso da Inteligência Artificial em trabalhos acadêmicos. O documento autoriza o uso de IA como apoio em diversas etapas do processo científico — como ideação, revisão linguística, busca e organização de literatura, síntese, transcrição, tradução, formatação, programação e visualização de dados —, mas veda sua utilização como substituto do raciocínio humano, da autoria e do método científico.

O professor também compartilhou sua própria prática em sala de aula: “Eu sempre oriento meus alunos a usar a IA na fase de revisão da literatura, de conhecimento da área, estado da arte e identificação de lacunas”, afirmou, reforçando que a tecnologia deve ser vista como uma aliada na construção do conhecimento, e não como substituta da reflexão e da autoria científica.

O consenso entre os professores é que a IA potencializa a pesquisa, mas o papel crítico e orientador do ser humano permanece insubstituível.

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