Roda de conversa destaca serviços de apoio às mulheres vítimas de violência

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O evento, promovido pelo COPEVIM, faz parte da campanha Agosto Lilás

Como parte da campanha Agosto Lilás, o IFPB – Campus João Pessoa realizou uma roda de conversa para discutir formas de enfrentamento à violência contra a mulher. O encontro, promovido pelo Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (COPEVIM),  reuniu representantes de órgãos públicos e trouxe informações fundamentais sobre a rede de proteção existente na Paraíba.

A roda de conversa foi iniciada com as boas-vindas do Diretor Geral Ricardo Ferreira, do diretor de Desenvolvimento do Ensino, Rafael Barros, e da chefe de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Dayse Ayres. Eles ressaltaram a importância de dar visibilidade a esse tipo de ação, sobretudo no espaço escolar, que desempenha papel essencial na formação cidadã dos estudantes.

Para o Diretor Geral Ricardo Ferreira, debates como esse não devem ser encarados como algo voltado apenas para as mulheres. “Infelizmente, no Brasil, são registrados, em média, quatro feminicídios por dia. Em João Pessoa, apenas no último ano, tivemos cerca de 4 mil atendimentos voltados para casos de violência doméstica. A maior parte das situações de violência é praticada por companheiros ou ex-companheiros. Por isso, nós, homens, temos um papel extremamente importante em compreender e aprender a evitar situações que possam levar a consequências extremas”.

A comandante estadual da Patrulha Maria da Penha, Gabriela Jacome, abriu a discussão explicando a origem da Lei Maria

da Penha e apresentando os diferentes tipos de violência previstos na legislação. Ela também utilizou o “violentômetro”como recurso pedagógico para mostrar como as agressões podem se intensificar gradualmente. Gabriela destacou ainda a importância dos serviços especializados no enfrentamento à violência contra a mulher. “Os serviços especializados salvam vidas. Muitas mulheres só procuram ajuda quando a violência física começa, ou principalmente quando querem sair de um relacionamento abusivo. Nesse momento, o risco aumenta, porque o homem muitas vezes não aceita o fim da relação, o que gera ameaças e escalonamento da violência.”

Durante encontro, representantes destacaram a necessidade de união de esforços para desconstruir preconceitos e fortalecer a proteção às vítimas. Mônica Brandão, coordenadora estadual do programa integrado Patrulha Maria da Penha, chamou atenção para os julgamentos que ainda recaem sobre mulheres em situação de violência. “A gente escuta que as mulheres estão dentro da relação porque gostam de apanhar. Precisamos desconstruir essa ideia. Todas as mulheres, seja com letramento ou não, em qualquer posição social, não estão livres de sofrer violência”, afirmou. Ela ressaltou que o julgamento contribui para perpetuar o ciclo da violência: “Enquanto estivermos julgando, não estamos protegendo ninguém; pelo contrário, estamos empurrando as mulheres a permanecerem no ciclo de violência.”

A secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de João Pessoa, Juliana Dantas, destacou os resultados positivos das ações municipais e o papel da rede de atendimento. “Nossas políticas públicas especializadas nas mulheres vítimas de violência são efetivas e eficientes. O nosso centro de referência em João Pessoa tem 19 anos e nunca perdemos uma mulher para o feminicídio. Isso acontece porque o atendimento multidisciplinar prepara a mulher para se separar de forma mais segura e acompanha por meio da Ronda Maria da Penha.”

Por fim, Juliana ressaltou que, embora as políticas atuais sejam fundamentais, o objetivo maior é um futuro sem violência de gênero. “As políticas que temos hoje protegem as mulheres que já sofreram violência, mas sonhamos com uma sociedade onde elas não sofram violência e nem precisem dessas políticas.”

Serviços na Paraíba

O momento principal da discussão foi a divulgação dos serviços de apoio disponíveis para mulheres em situação de violência doméstica e sexual. Entre eles, estão as Casas-Abrigo Irene de Sousa Rolim e Ariane Thaís, que oferecem acolhimento temporário e seguro para mulheres (e filhos menores de 16 anos) em risco, além dos Centros de Referência espalhados pelo estado, como o Centro Ednalva Bezerra, em João Pessoa, que realiza atendimentos psicológicos, sociais e jurídicos.

A rede de proteção também inclui as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs), a Patrulha Maria da Penha, hospitais de referência e serviços gerais como CRAS, CREAS e Ministério Público, que funcionam como portas de entrada para os encaminhamentos.

Além disso, novas políticas estão em andamento, como a implantação de Salas Lilás em delegacias e hospitais, a criação de duas unidades da Casa da Mulher Brasileira (em João Pessoa e Patos) e o projeto de enfrentamento à misoginia.

As denúncias podem ser feitas pelos números 180 (Central de Atendimento à Mulher), 190 (Polícia Militar), 197 (Disque Denúncia Anônima), pelo site delegaciaonline.pb.gov.br ou ainda pelo 155 (atendimento estadual).

Em breve, o COPEVIM campus João Pessoa será credenciado na REAMCAV - Rede de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência, para que s mulheres que chegagem ao comitê local sejam encaminhadas para o atendimento especializado. 

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