Poesia, arte e identidade negra movimentam Festival
A programação do Festival IF Negritudes 2025 contou com oficinas, apresentações artísticas e debates sobre autoestima, estética e representatividade negra
O IFPB Campus Campina Grande realizou, no dia 19 de novembro, a segunda edição do Festival IF Negritudes 2025, reunindo estudantes, servidores e comunidade externa em uma programação voltada à valorização da cultura afro-brasileira e ao combate ao racismo. O evento, vinculado ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e ao Laboratório de Arte e Cultura (Laborarte), trouxe como tema “Identidade, estética e autoestima negra”, conectando arte, educação e consciência racial.
A programação contou com palestras sobre saúde mental e letramento racial, oficinas de tranças, bonecas Abayomi (bonecas de pano feitas com nós, que simbolizam a cultura e a resistência africanas), instrumentos musicais, fanzines e mandalas, além de apresentações culturais de hip-hop, batalha de slam, discotecagem e atividades de capoeira. Para Sonale Souza, coordenadora do Festival, o evento surgiu da necessidade de se discutir a negritude de forma mais efetiva no campus. “Apesar de termos políticas de cotas e iniciativas formais, sentíamos a necessidade de um espaço de diálogo”, explicou. A professora destaca ainda a importância de a atividade ocorrer em um campus grande e diverso como o de Campina Grande. “É essencial que nossos estudantes se sintam representados. Durante muito tempo, essa temática foi relegada nos livros. Então, o objetivo é promover a valorização da identidade negra e o enfrentamento ao racismo por meio de ações educativas, culturais e artísticas”, comentou.
Uma das atrações de destaque foi a apresentação de artistas de slam, uma manifestação artística que combina poesia falada, performance e crítica social, geralmente apresentada em batalhas poéticas que estimulam expressão, identidade e resistência. Entre os participantes esteve a artista de slam Cidiely Dias. Para ela, ocupar aquele espaço teve um significado profundo, especialmente por levar ao palco vivências marcadas pelo enfrentamento ao racismo e pela afirmação da autoestima negra. “Eu acredito que o Slam pode contribuir na forma de se expressar de colocar para fora o que você passou e o que você sente e também é uma forma de você se posicionar contra aquilo que faz mal não só a você como a sociedade. A partir do momento que você coloca a cara a tapa e recita uma poesia se posicionando e mostrando que você não aceita mais aqueles insultos, falas racistas e preconceituosas que fizeram você se odiar, já é uma forma de mostrar que aquilo não afeta mais a sua autoestima”, disse.
Além dos artistas convidados, estudantes também tiveram participação ativa na programação. Uma delas foi Beatriz Silva, aluna do curso de Química e monitora bolsista do NEABI, que atuou como oficineira da atividade de criação das bonecas Abayomi. Para ela, participar do Festival vai muito além de ensinar uma técnica. “O que me motivou foi o desejo de fazer parte de um espaço que acolhe, fortalece e valoriza nossas histórias. O Festival, para mim, não é só um evento, é um reencontro com nossas raízes, nossas memórias e nossas resistências”, destacou. Para a aluna, ações práticas como oficinas, debates e performances são essenciais no combate ao racismo dentro das instituições.
Para muitos estudantes, o Festival se tornou um momento de grande aprendizado. O aluno João Leal, do 1° de Química, aponta que a batalha de slam foi a atividade que mais chamou sua atenção. “Foi uma apresentação artística que também funcionou como roda de conversa.”, observou. João avalia que eventos como o IF Negritudes são fundamentais para combater o racismo dentro da instituição.
Com isso, o Festival IF Negritudes 2025 reafirma o compromisso do IFPB com a promoção de práticas pedagógicas antirracistas e com a construção de um ambiente acadêmico mais justo, diverso e representativo.
Texto: Bianca Dantas, estagiária de Jornalismo
Supervisão e revisão: Clébio Melo, jornalista do IFPB Campina

