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Rotina na pandemia

Estudantes relatam como está sendo esse período em casa
por publicado: 25/08/2020 15h16 última modificação: 25/08/2020 15h16
Arte: Alan Leonardo

A pandemia da Covid-19 pegou todo mundo de surpresa, né? Quem é consciente da crise, está em quarentena ou em distanciamento social há meses. Difícil! Mas, se serve de alívio, o mundo todo está passando por isso também. Nesse período, cada um já deve ter achado uma rotina possível. A gente pediu para que dois estudantes do Campus dividissem como está o dia a dia deles aqui no blog.

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Catarina Ramalho, 17 anos
3° ano do Curso Técnico de Informática

Quando eu pensava no ano 2020, como a maioria dos alunos do 3° Ano, pensava em terminar o Ensino Médio, fazer o Enem e o TCC. Acreditava que seria um ano complicado, mas com importantes afazeres. Contudo, o dia 17 de março nos provou que não seria assim. Talvez, tudo que tínhamos planejado para nosso ano não acontecesse, pelo menos, não naquele ano. Recordo-me que, naquele dia, fui para a escola com o intuito de fazer uma prova de Física, ter aulas de Geografia e Tópicos (uma disciplina do meu curso) e retornar para casa. Havia boatos de que poderíamos parar, mas ninguém sabia ao certo porque ainda estava sendo discutido. Só foi o tempo de acabarmos a prova que veio a notícia da paralisação das aulas e confesso que foi muito estranho ver o IF esvaziando ao ponto de vermos aquela imagem da vivência e seus corredores sem um "pingo" de gente. Quem imaginava o IF sem quase ninguém?

Falo isso, porque o IF é sinônimo de pessoas, de pesquisa, de conhecimento compartilhado, de abraços, de espera no ônibus no lugar que chamo de “abrigo”, de compartilhar risadas, de aulas que você tenha entendido absolutamente tudo e aulas que você não entendeu nada, de se perder naquele lugar imenso também, de encontrar pessoas com quem nos identificamos bastante, de ouvir dos pets carinhosos do IF os seus latidos, miados e os sons dos passarinhos, de ver aquele pôr do sol tocando a nossa pele e saber que o dia terminou e que outras pessoas já estão vindo para o turno da noite, de dormir em lugares improváveis porque o cansaço já nos abateu e, mesmo assim, entender o outro que dorme ou está ansioso por algum trabalho acadêmico que precisa realizar. O IF, para mim, é uma 2° família e acredito que para muitos também seja. Ele te acolhe e faz o singular se tornar plural, uma hora aprendemos com isso. Quando você entra, você está sujeito a um misto de sentimentos: risos por coisas que você conseguiu ou por leseiras que compartilhamos com os amigos e, também, choro quando não conseguimos fazer algo ou quando algo nos aflige.

A quarentena me fez pensar em coisas tão simples que sinto falta do nosso campus, até de chorar quando eu saía sabendo que fui mal em uma prova, por exemplo. Pelo menos, tinha as pessoas por perto, teria os funcionários que zelam por nossa escola dizendo “Vai dar certo, minha filha. Tome um xêro!” e nos davam abraços calorosos.

Contudo, a quarentena me tirou isso. Nos tirou isso, certo? E ficamos em casa, passamos a utilizar máscaras e higienizar as compras. Havia dias produtivos em que me peguei lendo, estudando, ajeitando a casa, fazendo pães com minha mãe ou escrevendo o TCC. Mas, também, havia aqueles dias em que eu me sentia improdutiva, em que eu não conseguia dormir e não tinha vontade de fazer muitas coisas. Quando li O Diário de Anne Frank, aos 12 anos, lembro-me de ter ficado muito comovida com sua história, pois ela ficou escondida dos nazistas em um anexo com a família, tendo todo tipo de cuidado para evitar barulhos. Hoje, em uma situação de quarentena, vejo que o que passo não se compara ao que ocorrera com Anne. Entretanto, agora consigo entender melhor o misto de sentimentos que ela sentia naquela casa, pois você acaba ficando mais ansiosa, emotiva, alguns dias; esperançosa de que tudo vai passar, em outros; pessimista de que talvez não acabe e que pessoas estão morrendo.

Por volta de 5 meses, estávamos sem aulas e eu entendi a posição do IF em organizar formas para que todos alunos tivessem condições plenas para assistir às aulas remotas, pois caso optasse por fazê-lo sem considerar as diversas realidades, aumentaria a desigualdade em relação à aprendizagem do conteúdo e a evasão escolar. É muito bom quando estudamos com uma instituição que pensa na educação e faz de tudo para torná-la acessível a todos, pois, infelizmente, isso não acontece de forma nacional, uma vez que foram os estudantes que tiveram que se mobilizar para que o ENEM fosse adiado na época em que o cronograma estava ainda sem ajustes, porque sabíamos que nem todos estavam tendo aulas ou com livros, celulares e internet para estudar, certo?

Diante disso tudo, vamos voltar com nossas aulas remotas e fica aquela de “como vai ser?". Porém, uma certa vez, uma personagem que eu gosto muito chamada Anne, da série "Anne with an E", falou que há estradas com curvas de incertezas. Todavia, após passar por elas, resta-nos seguir a estrada e o misto de sentimentos que nela contém. Enfim, espero que dê certo e que tenhamos boas histórias para contar futuramente.


Júlio César Pereira, 18 anos
3° ano do Curso Técnico em Química

Esse cenário de pandemia modificou completamente meus planos para esse ano letivo. Com a interrupção das aulas presenciais, tudo ficou mais difícil. É uma realidade muito nova para mim. Como aluno concluinte do ensino médio, acabei buscando cursinhos pré-vestibulares, oferecidos de forma on-line,  e tem sido muito cansativo passar horas e horas na frente do computador para assistir aula, além de sentir falta de todas  as interações e contatos com pessoas de verdade.

 O ensino EaD pode ser uma importante ferramenta para o ensino, se usada corretamente. É difícil se adaptar a ele, levando em conta que eu estou acostumado com a rotina integral do IF. Espero que tudo isso passe logo, com cada um fazendo sua parte para que nossas vidas voltem ao normal e os planos feitos antes da pandemia possam sair do papel.