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Professor que aprovou projeto em Harvard participa de bate-papo com alunos novatos

Ex-catador de latinha falou sobre trajetória e vida profissional
por publicado: 22/04/2019 19h22 última modificação: 24/04/2019 17h04

As atividades de boas-vindas dos novos alunos do IFPB Campus Cajazeiras continuam e nesta semana a programação é voltada para ambientar os novatos que ingressam no período 2019.1 dos cursos superiores. Nesta segunda-feira, 22, os alunos assistiram a um bate-papo com o professor cearense que estuda Ciências da Computação em Harvard, nos Estados Unidos e desenvolve um projeto revolucionário na área de energias renováveis.

O projeto de energia solar será aplicado em países da África e consiste na produção de um equipamento que reduz em até 70% os custos de serviços de água, energia e internet.

À convite do coordenador do curso de Engenharia Civil, José Tavares, Ciswal Santos, de 31 anos, falou sobre sua trajetória de vida e contou aos alunos dos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia Civil e Engenharia de Controle e Automação o que fez para ter um projeto aprovado numa das mais renomadas universidades de todo o mundo.

Ciswal trilhou um duro caminho até chegar a Harvard. Ele catou latinhas durante o ensino superior para assim ter condições de custear as xerox e foi também entregador de supermercado. “Com muitas dívidas nossa família entrou numa situação financeira muito crítica. Meus pais se separaram e minha mãe teve que fazer faxina. Com 15 anos eu a via chegar em casa exausta, com as mãos cortadas e eu sabia que precisava fazer algo. Fui trabalhar em mercantil recebendo comida como pagamento e catar latinha na rua”, disse.

Nos momentos mais difíceis Ciswal conseguiu desenvolver resiliência. “Era muito duro sair da sala de aula e ir para as ruas catar latinha. Em um intervalo e outro eu conseguia estudar. Por vezes chorei sozinho, pensei em desistir. Mas foi através da perseverança que eu venci“. No Juazeiro do Norte, ele saía da faculdade à noite ainda fardado para catar latinha. Ciswal lembrou do apoio que recebeu do proprietário do bar onde catava latas e reconheceu que aquele homem foi um anjo em sua vida.

"Uma noite eu estava me sentindo um nada, assim como as latas que eu catava. Me sentei na frente desse bar e chorei muito. Contei ao proprietário o motivo, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu não precisava me envergonhar e que eu não fosse mais lá tão tarde e usasse esse tempo para estudar mais que ele guardaria essas latinhas para eu pegar pela manhã. Graças a esse homem eu me formei”, completa.

Formado em Física, Mecatrônica, Eletrônica e aluno de Ciências da Computação em Harvard, Ciswal conseguiu, com muita disciplina e resiliência, driblar as dificuldades financeiras enfrentadas pela família. Filho de pai professor e mãe artesã foi da família que veio suas maiores inspirações de criatividade, junto com as habilidades do seu super-herói favorito, o Batman.

“Minha maior fonte de inspiração é minha mãe, Dona Val. Ela é artesã e costureira artística. Ela fazia os brinquedos mais incríveis para nós com praticamente nada, se lhe dessem uma caixa de ovos e de fósforo ele fazia um power ranger, transformava uma folha num barco, uma caixa velha num ônibus”. Foi no seio familiar que ele desenvolveu inteligências diversas.

O pai professor o estimulou desde muito novo a ler e contar. Com três anos Ciswal que já lia e entendia o livro do Patinho Feio inteiro, sabia todas as cores e contava até 50 ingressou no primeiro ano do ensino fundamental. “Nessa época em Recife fazíamos uma espécie de teste ao entrar na escola que media nossa capacidade e foi daí que os professores me atestaram capaz de ir direto para o primeiro ano. Então com 15 anos eu concluí o ensino médio”, relembrou.

"E o maior conselho que eu posso dar aos alunos é que tenham foco e disciplina, saibam o que querem, mas não se esqueçam de desenvolver várias habilidades. O sábio não é aquele que sabe de tudo, mas o que sabe de tudo um pouco e lembrem-se de ler, ler sobre tudo e o máximo que puder”. Ciswal é um leitor voraz e lê em média dois livros por semana.

 

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