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Estudantes negros dão exemplos de superação no IFPB

No mês dedicado ao combate ao racismo jovens falam de desafios e casos de preconceito na sociedade
por Heranir Oliveira publicado: 19/11/2021 11h58 última modificação: 19/11/2021 11h58

Sair do seu lugar de origem em busca de melhores oportunidades em outro país através da educação. É o que motivou um grupo de jovens de países do continente africano a cruzar o oceano e encontrar no Instituto Federal da Paraíba o apoio necessário. Nesse mês dedicado a Consciência Negra os estudantes dão exemplos de superação, mas casos de racismo ainda fazem parte do dia a dia deles.

“Eu percebi que a mulher ficou incomodada com minha presença ao lado e pediu para trocar de lugar no voo de Benin para o Brasil” relata Aurex Koundu, de 24 anos. Aurex Koundu.jpg“Eu era o único preto no avião, a cena foi ridícula, fiquei muito triste” conta. Aurex integra um grupo de estrangeiros que participa em João Pessoa do Programa Estudantes -Convênio de Graduação (PEC-G) que tem o IFPB como parceiro. O caso de racismo não tirou o entusiasmo do jovem que pretende cursar Engenharia da Computação em Campina Grande.” Essa área aqui no país oferece muitas oportunidades de emprego, quero ajudar minha família que deixei longe”.

Noel Aklou de 25 anos, compartilha o mesmo desejo do colega de se formar em computação. O estudante é o caçula de cinco irmãos que deixou em Benin e conta que com a pandemia tudo ficou mais difícil. “A gente não se preparou para isso, a saudade da família aumentou, para fazer amigos eu escolhi as redes sociais, foi estranho não ter contato com as pessoas”. Noel também sentiu na pele o “peso da cor”. Aklou.jpgEle conta que numa academia uma senhora o ficou encarando e se afastando dele, “Parecia que ela tava com medo de mim, fiquei chateado” relata. Passado o incidente Noel pensa no futuro “Quero acabar os estudos, desenvolver um aplicativo e constituir uma família”.

O sonho de Martine Sounda, de 20 anos, que veio do Gabão, é se formar em Farmácia, curso que pretende fazer na UFCG. “Não são todos os lugares onde os negros têm oportunidades, é desumano não aceitar uma pessoa por causa de sua cor” desabafa Martine ao relatar um caso de preconceito sofrido numa fila de banco na capital. “Temos que ter perseverança e lutar quando as dificuldades aparecerem”.Martine Sounda.jpg

Os três estudantes estão desde o ano passado participando no IFPB de um curso preparatório para o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), cujas provas estão previstas para dezembro. A proficiência é um dos pré-requisitos para que os jovens façam a graduação.

No IFPB os estudantes recebem auxílio financeiro, ganharam kit conectividade e cestas básicas doadas pelo PNAE e pela Campanha IFPB Solidário. Eles têm direito a uma reserva de vagas nas instituições (IFPB e UFCG) acertadas junto ao MEC e Ministério das Relações Exteriores.

Para a representante da Assessoria de Relações Institucionais e Internacionais (Arinter), Mônica Maria Montenegro, o IFPB desempenha um papel importante em também oferecer educação de qualidade para grupos considerados minoritários. “Estamos atendendo jovens de culturas diferentes, que enfrentam dificuldades em seus países. O preconceito existe em todas as camadas sociais, mas precisamos combatê-lo sempre” disse.

Como Denunciar

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 . A denúncia pode feita pelo Disque Direitos Humanos- Disque 100 e pelo 190 da Polícia Militar. Em caso de ofensas raciais nas redes sociais ou em meios de comunicação, a denúncia pode ser formulada via internet, no portal da Safenet.

Texto: Heranir Oliveira- Equipe DGCOM 

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