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Dia Internacional da Mulher

Aluna, professora, técnica administrativa e funcionária terceirizada relatam experiências de atuarem em ambientes masculinos
por publicado: 08/03/2018 13h08 última modificação: 09/03/2018 12h58

Cada vez mais, a mulher vem desconstruindo o estereótipo da família tradicionalmente patriarcal e reposicionando o seu papel no mundo do trabalho. Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015 mostram que a mulher é a pessoa de referência em 40,5% dos domicílios do país. Além de mais ativa economicamente, funcionária ou dona do seu próprio negócio, ela vem ocupado espaços predominantemente constituídos por homens.

No campus João Pessoa do Instituto Federal da Paraíba, as mulheres estão presentes em áreas técnicas como os setores de transporte, manutenção e obras. Gerlaine Silva, por exemplo, é funcionária terceirizada da área da manutenção e conservação. Ela é a responsável por repassa ordens de serviços para uma equipe de dez profissionais, como pedreiros, marceneiros, eletricistas e jardineiros. Gerlaine enfatiza que sempre foi bem respeitada pelos colegas de trabalho, mas revela que ainda existe a ideia de que mulher não entende de serviços de manutenção. “Não são todos os profissionais, mas, às vezes, eles não querem aceitar nossas orientações, porque acreditam que mulher não entende de serviços pesados”.  

A Técnica em Segurança de Trabalho do campus João Pessoa, Jussara Ferreira da Silva, também sentiu uma pouco de resistência ao inspecionar o trabalho de homens. Dificuldade que foi logo superada com profissionalismo e jogo de cintura. “No início, existia uma barreira, porque é complicado para um homem aceitar orientação de uma mulher, mas eu consegui conquistar meu espaço. No final, o trabalho acabou fluindo com tranqüilidade e eu aprendi muito com eles”.

Na área de ensino, também encontramos exemplos de mulheres que superam o desafio de atuar em áreas ocupadas prioritariamente por homens. No curso de Tecnologia em Automação Industrial, a professora e ex-aluna Amanda Guerra é uma entre as duas mulheres responsáveis por disciplinas técnicas.

A docente lembra que só se sentiu desprestigiada enquanto profissional foi logo após a conclusão do curso superior, por ver seus colegas serem chamados para entrevistas de emprego em indústrias, enquanto ela nunca foi convocada nem para entrevistas de estágio.  “Imagino que foi pelo desconhecimento sobre o curso aliado a uma cultura nacional de que mulheres não combinam com indústria. Hoje em dia já está bem melhor, tenho várias ex-alunas trabalhando na área”. Para Amanda, docente efetiva há seis anos, um dos maiores dificuldades que enfrentou enquanto profissional foi conciliar a vida de professora e o doutorado com as responsabilidades de ser mãe e cuidar da casa. “Infelizmente, nós mulheres ainda precisamos fazer mais esforço que os homens para alcançar o que desejamos, mas desistir não muda nada, importante é ir em frente”, enfatiza.

A estudante Isabelly Lopes também vem mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser. A aluna é a única mulher do 4º ano do curso Técnico Integrado em Mecânica, numa sala de quase 30 estudantes. A escolha pelo curso vem da influência do pai, que abriu uma empresa de refrigeração quando Isabelly era pequena e estimulou nela o interesse pela área. “Por causa disso, eu acabei sendo criada aprendendo cada vez mais sobre o meio e, percebendo que o mercado crescia, corri atrás de me profissionalizar”. 

Isabelly reforça que o perfil da mulher de hoje é bem diferente daquele do início do século, quando o homem era o provedor do lar e o lugar da mulher era na cozinha. “O nosso grande desafio é reverter o quadro de desigualdades salariais, porque já está comprovado que as mulheres são capazes de cuidar de si, de conquistar aquilo que desejam e de provocar mudanças no rumo da história”.

 

Comunicação Social do campus João Pessoa com informações do IBGE

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