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Mulheres em ADS? Sim, elas podem!

Considerando a temática da discussão de gênero na computação, ambas as alunas informaram que, além de um pequeno desconforto por serem as únicas mulheres de suas turmas, elas não sentiram discriminação ou dificuldade na graduação por este motivo
por publicado: 28/02/2018 09h01 última modificação: 28/02/2018 10h03

A área de Tecnologia da Informação (TI) é povoada majoritariamente por homens, tanto nos cursos de graduação quanto no mercado de trabalho.

De acordo com dados do IBGE, dentre os profissionais que atuam na área de Tecnologia da Informação, apenas 20% são cursor_and_episode_576__when_women_stopped_coding___planet_money___npr1.pngmulheres [1]. Nessa área, apenas 14,65% dos (as) matriculados (as) são mulheres e, de todas essas, 16% concluem o curso [2]. Outro dado interessante é que, enquanto outras áreas das ciências exatas têm conseguido diminuir a diferença entre a quantidade de homens e mulheres, na computação essa diferença só aumenta [3] [4]. De maneira similar, no Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFPB, Campus Monteiro, 22,9% dos estudantes matriculados são mulheres. Desde que o referido curso foi fundado, em 2012, 11 alunos colaram grau. Dentre eles, apenas duas eram mulheres. Além disso, a perspectiva é que nos próximos dois anos, apenas duas outras alunas irão concluir o curso.

Há um esforço global tentando mudar essa realidade e atrair e manter o público feminino na área de tecnologia. As iniciativas Meninas Digitais [5] , She++ [6]Programari[5], o MariaLab [6]UPWIT [7] e o Reprograma [8]  são alguns exemplos dessas ações voltadas para a inspiração, discussão e a capacitação de mulheres para a área de Tecnologia. Na região Nordeste, algumas IES também mantêm políticas que  fomentam a inserção de mais mulheres na área de TI como, por exemplo,  o “Meninas na Computação” [9], um projeto da UFPB, ou o “Meninas Também Jogam” [10], um projeto criado por uma professora do IFRN. Além disso, existem até mesmo programas internacionais que ofertam bolsas de estudos para mulheres na área de TI. A exemplo, cita-se o programa em conjunto do Google e da Udacity “Women Techmackers Udacity scholarship” [11] que oferece esse tipo de bolsas à mulheres de todo o mundo, assim como a  Avanade lançou o “15 por 15” [12], um programa mundial de bolsa de estudos para mulheres que desejam se dedicar a STEM e a  Toptal que lançou o “Bolsas Toptal para Mulheres Desenvolvedoras de Software” [13], um programa de bolsas para mulheres que desejam se tornar engenheiras de software.

evento.jpgColaborando, então, com estas iniciativas e buscando elucidar as principais dúvidas relacionadas à este tema, entrevistamos as egressas Elysangela de Souza (esquerda) e Indy Paula (direita), que gentilmente contribuíram conosco neste projeto.

A primeira entrevista foi realizada com a Elysangela que contou desde o que motivou a sua escolha por um curso de TI, sua trajetória como aluna, seus principais desafios, até como está sua vida hoje após formada e deu dicas para quem pretende ingressar no mesmo curso e no mercado.

Inicialmente, Elysangela explicou que a escolha por ADS se deu por, anteriormente, ter feito um curso técnico de informática e sentir afinidade com a área. Quando ela começou o curso, na turma de quarenta alunos, havia outras duas garotas, mas que, ainda no primeiro período, suas colegas acabaram desistindo. Por essa razão, logo cedo, ela teve de se adaptar à um ambiente predominantemente masculino. Entretanto, de acordo com ela, isso não não influenciou negativamente, nem foi motivo para ela se sentir oprimida, pois sempre recebeu o apoio e o respeito dos demais alunos. “Embora possa haver uma intimidação inicial, fora da esfera da graduação, sendo bom no que se faz e sabendo demonstrar isso, o gênero passa a ser algo indiferente“. Quando questionada sobre como foi a sua convivência com os demais colegas, Elysangela respondeu: “sempre fui bem recebida por eles, mas nas duas primeiras turmas tinha um batismo das meninas, que é quando ela fala o primeiro palavrão. O meu batismo foi nos últimos dias no primeiro semestre” (sic). Durante a graduação, o maior desafio dela era conciliar o tempo entre as disciplinas e as demais atividades acadêmicas.

Após formada, Elysangela contou que os conhecimentos adquiridos em sua graduação estão sendo aproveitados.img-20170623-wa0000.jpg Atualmente, ela atua como freelancer na modalidade Home Office. De acordo com ela,  o principal desafio que enfrenta nessa nova etapa é o “autopoliciamento”. Ela também faz planos para um futuro mestrado, mas no momento, prefere ganhar experiência no mercado. Quando questionada sobre a importância de aprender o inglês, Elysangela respondeu: “Sim, é importante, pois é essencial, para o mestrado e principalmente para o mercado de trabalho. Na nossa área é necessário para não ficar para trás”. Outra dica importante dada por ela, foi “Perder a timidez de falar em público, adquirir uma boa forma de falar com o cliente, saber se comunicar. Aproveitar as oportunidades de ir aos eventos que têm durante a graduação e fazer um networking com as pessoas para compartilhar experiências e etc. Não se abater na primeira dificuldade, ter paciência, pois os obstáculos existem“.

10407743_295202274024198_5851461239160869975_n.jpgDiferente de Elysangela, para Indy Paula, ingressar em ADS não era o foco inicial, mas o gosto por exatas acabou lhe atraindo para o curso: “ Inicialmente eu não tinha muito conhecimento sobre a área, mas quando estava pesquisando os cursos no Enem, eu vi onome “Análise e Desenvolvimento de Sistemas” e fui pesquisar sobre o curso. É uma área muito promissora que instiga muito, e eu me enquadrava por gostar muito de exatas, então decidi me matricular e passei”. Inicialmente, segundo ela, sua turma começou 43 alunos, cerca de 15 mulheres, entretanto, após o 2º período, ela era a única menina da turma. Durante a sua graduação, ela contou que não enfrentou grandes dificuldades por ser mulher, pois sempre foi muito respeitada por colegas e professores, sendo sua maior dificuldade no curso, a absorção de todo o conhecimento que lhe foi passado: “ Acho que absorver tudo que os professores passavam, pois, o curso tem muita informação. Acho que no começo o maior (desafio) é absorver tudo. Era muito complicado por ser muita coisa nova. Até pegar a lógica da coisa, pegar o ritmo de estudo“. Atualmente, Indy é aluna do mestrado na UFCG e  comentou que foi a atuação como monitora, ainda no começo do curso, que despertou seu interesse em ingressar na carreira docente: “quero aprender para transmitir”, e então pensei em estudar mais para entrar no mestrado e depois quem sabe um doutorado, para poder dar aula em universidades“. Quando questionada sobre quais as dicas que ela daria para os alunos que pretendem ingressar em ADS, principalmente as mulheres, ela respondeu: ” Se você se identifica desde o começo, continue. Se achar que é só programação, continue para ver que não é. Se você não gosta só de programação, continue, pois a área tem muitas subáreas… Eu não tinha ideia disso na graduação, mas tem muitas oportunidades. Não desistir é muito importante, programação é importante, mas não é a base da pesquisa. Precisa dela, principalmente Java, mas não adianta saber programar e não saber resolver o problema. Enquanto aluno, não devemos ter um olhar limitado. E, felizmente, a tecnologia está sempre progredindo. Então as pessoas estão se tornando dependentes da tecnologia e nós profissionais de TI temos que dar soluções para eles. É ser persistente”.img_20170629_103235115_hdr-e1504658188608.jpg

Considerando a temática da discussão de gênero na computação, ambas as alunas informaram que, além de um pequeno desconforto por serem as únicas mulheres de suas turmas, elas não sentiram discriminação ou dificuldade na graduação por este motivo. Em termos gerais, eram respeitadas pelo restante dos colegas. A maior dificuldade enfrentada por ambas foi conciliar o tempo que tinham com as atividades do curso e que isso fez com que passassem a considerar o campus como “uma segunda casa“, pois costumavam chegar pela manhã e só sair a noite, após as aulas. Sobre terem conhecimento de iniciativas relacionadas ao incentivo à participação de mais mulheres em TI, durante o diálogo, Elysangela relatou que, no decorrer da graduação, não participou de quaisquer projetos, mas, após formada, passou a conhecer alguns programas. Indy mencionou que, na instituição onde cursa o mestrado, teve a oportunidade de participar da organização de uma destas iniciativas durante a Semana Acadêmica, onde foram debatidas algumas propostas relacionadas à temática das mulheres na computação.

A seguir, as entrevistas podem ser escutadas na íntegra.

Entrevista com Elisângela.

Entrevista com Indy.