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Mulheres na ciência: projetos incentivam meninas a seguir carreira científica

“É preciso tirar este estereótipo de que matemática e raciocínio lógico, por exemplo, são faculdades determinadas pela genética ou pelo gênero”.
por publicado: 11/02/2020 11h22 última modificação: 12/02/2020 10h18

Segundo o relatório Gender in the Global Research Landscape (em tradução livre: Gênero na Pesquisa Científica Mundial) da empresa Elsevier, entre 2011 e 2015, cerca de 49% dos artigos científicos do Brasil foram escritos por mulheres. O documento também revelou que 17% do total de invenções brasileiras foram feitas por pesquisadoras, um aumento considerável em relação ao último levantamento realizado entre 1996 e 2000, que era de 11%. O Brasil foi um dos países que teve crescimento mais substancial nesse quesito e ultrapassou Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

Esse crescimento reflete o aumento no número de mulheres que ingressaram nos cursos superiores no país. Segundo o Censo da Educação Superior de 2017, elas ocupam 55% das vagas em cursos presenciais. Na pós-graduação, a tendência é a mesma. De acordo com estudos do Ministério Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, desde 2004, as mulheres não são mais minoria entre os concluintes de doutorado no Brasil.

No IFPB campus João Pessoa, algumas iniciativas vêm contribuindo para que cada vez mais mulheres ingressem na pesquisa. Em novembro de 2018, professoras e estudantes realizaram o evento Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação no IFPB, com o objetivo de despertar o interesse por ciências em alunas do Ensino Fundamental e Médio das Redes Públicas de Ensino. Cerca de 300 estudantes participaram do evento, que trouxe palestras e oficinas sobre robótica, internet das coisas e programação, entre outras.

Desde então, o grupo vem se articulando para promover mais ações que contribuam para desconstrução da ideia de algumas áreas da pesquisa não podem ser lideradas por mulheres. Rafaelle Aguiar, professora do curso de Eletrônica e uma das idealizadoras do movimento, acredita que o papel de instituições como o IFPB é promover a conscientização de que mulher também produz ciência e é capaz de ocupar espaço no mundo empresarial em áreas que antes eram predominantemente masculinas. “Tenho visto que algumas empresas, quando solicitam estagiários, deixam bem claro que querem apenas meninos”, comentou.

Uma das propostas para mudar essa realidade é a realizar visitas de docentes e engenheiras de diversas áreas em empresas para mostrar aos dirigentes que o número de mulheres que estão se graduando nas áreas de ciência, tecnologia e de engenharia é bem significativo e as empresas precisam abrir oportunidade para todos.

Rafaelle também acrescenta que é de extrema importância que o estímulo para que as meninas se interessem por essas áreas comece ainda no Ensino Infantil. “É preciso tirar este estereótipo de que matemática e raciocínio lógico, por exemplo, são faculdades determinadas pela genética ou pelo gênero”, frisou.

“As meninas devem enxergar em nós as adultas, profissionais da área, modelos de mulheres que venceram desafios, não importa se preconceito, problema econômico ou distância da escola. Elas precisam ver que existe espaço para crescer e aprender”, completou.Wie - Maria Isabelle Freire (tesoureira), Iasmim Palma (presidente) e Júlia Leite (vice-presidente)

Outro grupo importante que também promove a disseminação da Ciência entre as meninas no Campus João Pessoa é o WiE (Women in Engineering), que faz parte do Ramo Estudantil do IEEE -Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos do IFPB. As estudantes, junto com os outros participantes do IEEE, realizam atividades que envolvem tecnologia e ciências exatas, como minicursos e oficinas. As ações desenvolvidas são voluntárias e muitas delas visam à arrecadação de materiais que são doados a associações filantrópicas.

A aluna de Engenharia Elétrica e presidente do Wie do IFPB Campus João Pessoa, Iasmim Palma, acredita que toda atividade é importante quando o intuito é estimular a participação de mulheres nas ciências exatas. “É necessário mostrar que a engenharia e a ciência são terra de todos, que ninguém é melhor do que ninguém por causa de gênero. Tudo isso tem de ser feito para que mais mulheres se sintam estimuladas e empoderadas a fazerem o que quiserem”, ressalta a estudante.

Apesar do nome Wie significar “Mulheres na Engenharia”, as ações realizadas pelo grupo englobam todas as áreas que envolvam tecnologia, por isso desde o ano passado o processo seletivo para participar do grupo pode ser feito por estudantes de vários cursos.

 

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