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Conhecendo a nomenclatura e a grafia de alguns recursos no contexto da deficiência

Encerrando a série de postagens sobre nomenclaturas no contexto da deficiência, o Fique por Dentro desta semana apresenta a nomenclatura de alguns desses recursos e estratégias e faz referência a suas funções, recomendando também atenção à sua grafia
publicado: 16/07/2019 10h19 última modificação: 16/07/2019 10h19

Os recursos e estratégias empregados para promover acessibilidade para pessoas com deficiência muitas vezes não fazem parte do cotidiano das demais pessoas e os termos que nomeiam alguns deles podem soar de modo difícil ou estranho à maioria. Por isso, é comum as pessoas confundirem ou trocarem seus nomes, produzirem variações na pronúncia e/ou na grafia ou simplesmente não saberem como nomeá-los.

Encerrando a série de postagens sobre nomenclaturas no contexto da deficiência, o Fique por Dentro desta semana apresenta a nomenclatura de alguns desses recursos e estratégias e faz referência a suas funções, recomendando também atenção à sua grafia.

  • Alfabeto dactilológico: de pronúncia incomum, é também chamado de alfabeto dos surdos. Refere-se ao conjunto das letras do alfabeto em LIBRAS, formadas na mão;
  • Bengala: no contexto da deficiência visual, é um bastão utilizado por pessoas cegas e, às vezes, por pessoas com baixa visão para a mobilidade. É chamada inapropriadamente de varinha ou até confundida com uma muleta. Algumas deficiências físicas também demandam o uso de bengala;
  • Braille: sistema de escrita em relevo que permite que pessoas com deficiência visual leiam e escrevam. Não o confunda com a LIBRAS. Talvez devido a pronúncia não muito comum da palavra "braille", muitas pessoas acabam se equivocando e produzindo diversas variações. Em relação à escrita, a Grafia Braille para a Língua Portuguesa recomenda que, ao escrever a palavra "braille," mantenha-se sempre a forma original francesa com dois l.

Atente também para as diferenças em expressões compostas com a palavra "braille". Algumas delas serão ligadas pelo conectivo "em" e, em outras, ele será suprimido. Observe:

a)    ao fazer referência aos materiais propriamente ditos em que é impresso o braille, usa-se o conectivo "em". Ex.: livro em braille, texto em braille, exercício em braille, prova em braille, placa em braille, caixa com identificação em braille, cardápio em braille, etc;

b)   ao fazer referência a elementos ou a equipamentos relacionados ao braille, em geral o conectivo "em" é omitido. Ex.: escrita braille, alfabeto braille, código braille, símbolos braille, cela ou célula braille, ponto braille, impressora braille, máquina de datilografia braille, linha braille, etc.

Observe, ainda, que o braille não é uma língua, mas um sistema alternativo de escrita. Dessa forma, os textos não são traduzidos do Braille para o português ou vice-versa, mas são transcritos no mesmo idioma de um sistema para o outro;

  • Cadeira de rodas motorizada: termo correto para a cadeira de rodas equipada com um motor, equivocadamente chamada de elétrica;
  • Ledor: pessoa que lê para outra ou que grava livros falados, propiciando o acesso à leitura à pessoa impedida de fazê-lo diretamente. Não confunda com o leitor, que lê em contextos e com finalidades muito diversos. Por exemplo: você que está lendo este texto para se informar ou por curiosidade está na posição de leitor e não de ledor. Todavia, caso esteja lendo para uma pessoa que não pode ler o texto diretamente, está atuando como ledor. Note porém, que, ao se referir aos softwares que, quando ativados, ofertam feedbacks sonoros em computadores e smartphones, fala-se sobre  "leitor de telas" e não "ledor de telas".

Não confunda:

- Aquele que lê com finalidades diversas, que consome literatura: leitor.

- Aquele que lê para a pessoa impedida de ter acesso direto ao texto - ledor e não leitor.

- Aquele que grava livros falados: ledor e não leitor.

- O software que funciona com síntese de voz em computadores e smartphones - leitor de telas e não ledor de telas.

  • LIBRAS - sigla para Língua Brasileira de Sinais. São incorretas as construções Linguagem Brasileira de Sinais e Língua Brasileira dos Sinais. Não a confunda com o Braille. A LIBRAS não é simplesmente um conjunto de gestos ou mímica, mas tem características de uma língua, como estruturação gramatical própria. Assim, o profissional que media a comunicação entre surdos e ouvintes é chamado tradutor e intérprete de LIBRAS. Ele obtém as informações em uma língua e as traduz para outra;
  • LIBRAS táteis: modalidade em que a pessoa surdocega coloca suas mãos sobre as mãos do interlocutor para captar os sinais em LIBRAS feitos por ele;
  • Livro falado: livro gravado com voz humana ou sintetizada cuja produção se restringe ao texto e aos dados pára-textuais, sem dramatizações, trilha sonora ou outros elementos similares. Não é o mesmo que livro em áudio, o qual também é gravado com voz humana, mas se diferencia por apresentar dramatização de falas de personagens, trilha sonora e outros efeitos;
  • Órtese: órteses são diferentes recursos feitos sob medida e colocados junto a segmentos do corpo para melhorar o posicionamento, estabilidade ou função do usuário. Como exemplos, podemos citar as colmeias, que auxiliam na digitação e os engrossadores de lápis, que favorecem a escrita manual. Há também o acento e o encosto, que são feitos sob medida para pessoas com deformidade óssea ou muscular irreversível. As órteses diferenciam-se das próteses, pois estas substituem especificamente partes ausentes do corpo;
  • Piso tátil: identificação tátil e visual nos pisos para promover a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Está incorreta a variação "piso tático", produzida no senso comum;
  • Punção: de pronúncia a princípio não muito comum, é um instrumento utilizado em conjunto com a reglete para produzir manualmente a escrita braille. É constituído de um apoio e de uma agulha, com a qual são formados os pontos braille;

Obs.: a palavra “punção” é um substantivo masculino, devendo ser precedido, portanto, sempre por artigo masculino.

  • Reglete: de pronúncia também incomum, é utilizada em conjunto com o punção para produzir manualmente a escrita braille. É formada por duas placas justapostas. A de cima contém os espaços correspondentes à célula braille e a de baixo, pequenos círculos rasos correspondentes aos pontos braille, permitindo a formação das letras e demais símbolos;
  • Sorobã: também de pronúncia diferente, é um instrumento, normalmente utilizado por pessoas com deficiência visual, para a realização de operações matemáticas;
  • Tadoma: também apresenta pronúncia diferente e diz respeito ao meio de comunicação em que as pessoas surdocegas apreendem a mensagem do interlocutor usando o tato para perceber as vibrações produzidas pela sua fala;
  • Tecnologias assistivas: recursos e serviços, incluindo os mencionados neste texto, utilizados para proporcionar ou ampliar a funcionalidade e a acessibilidade para pessoas com deficiência. Note que a grafia é realmente "assistivas" e não "assistidas", como pode se pensar pela característica menos comum da palavra ou pode ser sugerido pelo corretor ortográfico;

Há inúmeros outros recursos e estratégias para proporcionar acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência. Neste texto, foram apresentados alguns com nomenclaturas, pronúncias ou grafias que podem parecer confusas, incomuns e, a princípio, difíceis, a fim de orientar quanto ao seu emprego oral ou escrito. Acompanhe o Fique por Dentro e aprenda mais sobre estes e outros recursos e estratégias e sobre a sua função.

Fique por dentro!

*Acesse a Grafia Braille para a Língua Portuguesa no endereço: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/grafiaport.pdf. Acesso em 10 jul 2019