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Algumas raízes dos comportamentos que caracterizam o assédio

Considerando a importância de compreender quais são as ideias nocivas já naturalizadas no senso comum para abandoná-las, o Fique por Dentro desta semana dialoga sobre algumas das concepções ligadas ao assédio e sobre a sua desconstrução
por publicado: 23/08/2019 12h13 última modificação: 23/08/2019 12h13

Algumas raízes dos comportamentos que caracterizam o assédio

O comportamento que se materializa no assédio e em outros tipos de abuso faz parte do cotidiano de inúmeras pessoas há gerações em diferentes contextos. No ambiente educacional, é extremamente comum e frequentemente silenciado pela sensação de que os agressores, normalmente ocupantes de posições hierárquicas superiores, permanecerão impunes e, consequentemente, de que as vítimas, mais vulneráveis, estão desprotegidas e não há nada a fazer. Esse comportamento tem raízes em concepções longamente sedimentadas e a sua extinção passa pela própria desconstrução das mesmas.

Considerando a importância de compreender quais são as ideias nocivas já naturalizadas no senso comum para abandoná-las, o Fique por Dentro desta semana dialoga sobre algumas das concepções ligadas ao assédio e sobre a sua desconstrução.

Por que o abuso e o assédio surgem?

Muitas podem ser as respostas para essa pergunta e não há espaço para todas aqui. Podem certamente residir em concepções longamente alimentadas na sociedade. Há alguns aspectos, porém, que parecem ser comuns entre concepções e condutas abusivas:

  • a compreensão errônea de que pessoas podem ser superiores umas às outras por fatores diversos, como gênero, posição social, cargo, etc.
  • a compreensão de que condições que conferem ao indivíduo posição superior, hierarquicamente ou de outra maneira, dão a ele liberdade para dispor da vida e até do corpo de outra pessoa, a seu bel prazer;
  • a já referida sensação de impunidade para o abusador;
  • a falta de respeito aos limites impostos pela individualidade do outro.

Essas características e outras similares certamente podem ser observadas nas concepções e condutas referidas a seguir:

  • Sexismo: preconceito relacionado ao gênero, independente de qual seja.
  • Misogenia: ódio contra a mulher que não se encaixa nos padrões esperados pelo misógeno.
  • Machismo: em linhas muito gerais, trata-se do entendimento de uma suposta superioridade do homem em relação à mulher, supervalorização das características masculinas e inferiorização das femininas. O machismo está associado a outras concepções e condutas que, naturalmente, inferiorizam e denigrem a mulher, como:
    • Ø Objetificação: compreensão da mulher como objeto, como propriedade do homem a que ele tem direito;
    • Ø Cultura do estupro: diz respeito à compreensão de que tem-se direito de, sem permissão expressa da mulher, manifestar verbal ou fisicamente condutas com conotação libidinosa, sob qualquer argumento.
    • Ø Naturalização do comportamento abusivo: compreensão de que condutas com conotação sexual e inferiorizantes são naturais e não precisam ser combatidas.
    • Ø Romantização do abuso: tratamento romantizado de abordagens abusivas na ficção, no imaginário coletivo, etc. Disseminação da compreensão de que, por amor, pode-se agredir, privar o outro da liberdade, perseguir, controlar, ameaçar e até mesmo matar.

 A extinção do assédio passa pela desconstrução das concepções abusivas

Ideias e condutas raiz do abuso podem estar tão naturalizadas que podem ser consciente ou inconscientemente reproduzidas e defendidas por muitas pessoas. A tomada de consciência em relação ao seu caráter nocivo talvez gere dúvidas sobre até onde se pode ir nas relações com os demais. A compreensão mais ampla sobre conceitos, legislações e discussões a respeito não acontece de uma vez, mas considerar a individualidade do outro talvez ajude a começar a mudar as posturas. Assim, pode ser bom lembrar que:

  • investidas não autorizadas pela outra pessoa não devem, de forma alguma, ir adiante;
  • não há absolutamente nada que torne pessoas melhores que as demais, nem gênero, nem cor, nem posição social, nem cargo ou qualquer outra condição;
  • posições hierárquicas ou quaisquer outros fatores não dão a ninguém o direito de ser invasivo em relação ao outro, nem com o olhar, nem com as palavras, nem com o toque;
  • nada, além da concessão expressa da outra pessoa, dá a alguém o direito de contato íntimo.

Nunca é demais lembrar

As respostas às condutas de assédio são observadas nas esferas legal e social. Com o objetivo de prevenir e combater o assédio no IFPB, foi criada em 2018 a Rede de Combate ao Assédio (RCA). A Rede é vinculada à Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e composta por uma Comissão Central, articulada aos Núcleos de Combate ao Assédio (NUCAs), que funcionam nos campi. A pessoa vítima de assédio deve procurar o NUCA do seu campus e denunciar a situação.

Para saber mais, acesse: https://www.ifpb.edu.br/prae/rede-de-combate-ao-assedio